sexta-feira, 29 de julho de 2011

A corrupção no Brasil e o discurso da oposição

Por Dalva Teodorescu


No mesmo dia em que a Science Po de Paris homenageava Lula, José Serra dava entrevista ao Jornal Espanhol El País.

Afirmou ao Jornal que a corrupção no Brasil nunca foi tão séria como no governo petista. Disse que a origem da corrupção está no fato do governo entregar áreas de poder aos partidos da base aliada.

O ex-governador de São Paulo omite que a corrupção no Brasil é quase endêmica. Ela nasceu no tempo de Pero Vaz de Caminha (é só ler as biografias das grandes personalidades nacional, como D. Pedro II, Nabuco, etc.).

Todos os cargos do segundo império eram ocupados por apadrinhamento. Inclusive indicação para candidatura à eleição para deputados e senadores.

Veio a República e nada mudou, porque o regime era novo, mas os homens eram os mesmos.

Piorou muito na época da construção de Brasília. Houve denúncias de superfaturamento das obras e favorecimento a empreiteiros ligados ao grupo político do ex-presidente JK. Além de indicìos de que a empresa aérea Paner do Brasil, de propriedade de amigos de Jucelino, detinha a exlusividade do transporte de pessoas, materiais e equipamentos enviados para a construção de Brasília.

Quem não se lembra da campanha para a presidência da República de 1960, quando Jânio Quadros prometia varrer a corrupção de Brasília?

Durante a ditadura militar a coisa piorou ainda mais. A censura aos órgaos de comunicação impedia qualquer tentativa de denúncia.

A área dos transportes virou o grande negócio com as obras que o governo criava no coração do Brasil, em grande parte para combater as guerrilhas.

A Transsamazônica foi uma vergonha nacional. Nós antropólogos assistíamos com dor e impotência cada árvore centenária que tombava na selva amazônica e denunciávamos o descaso com os indíos da região. Isso só nos Centros Acadêmicos. Nada na imprensa. Tudo era proibido.

Veio o ex presidente Collor com a campanha contra os marajás, mas uma vez no governo a corrupção foi tanta que acabou sofrendo impeachment.

No governo Fernado Henrique Cardoso o ministério do transporte ficou com o PMDB e as denúncias de corrupção nunca deixaram de existir. Nem no trasporte nem nas outras áreas. É só lebrar da corrupção na construção do Fórum de Sao Paulo que durou anos e consumiu milhões de reais dos cofres públicos. 

A compra de votos para aprovar emendas era e ainda é uma pratica antiga no Congresso Brasileiro. Começou com Eduardo Azeredo do PSDB de MG . Foi usada para aprovar a reeleição de FHC, mas só veio a público no governo do PT e ficou conhecida por mensalão.

Houve também o mensalão do DEM com imagens estarrecedoras de corrupção por políticos de Brasília.

As denúncias de corrpção aumentaram nos últimos anos porque a Polícia Federal passou a investigar mais e de maneira independenteu. Isto é um fato. Mas é inegável que com o aumento do Estado aumenta também a corrupção.  

Com tudo isso, a oposição, com a cumplicidade da velha mídia, decidiu colar a prática de corrupção ao governo do PT. A reeleição de Lula em 2006 e a vitória de Dilma Rousseff em 2010 mostraram que o povo não endoussou essa visão unilateral forjada pela oposição.

Dilma Rousseff assumiu a presidência e fez o que nenhum de seus sucessores fizeram. Nem FHC nem Lula. Limpou a área dos transportes da influência do PR, o partido do respeitadissímo ex vice presidente José Alencar.  Os brasileiros torcem para que ela continue a limpeza em outros ministérios, feudos dos partidos da base aliada.

Com a limpeza no seu governo, Dilma Rousseff está tirando da oposição a bandeira da ética da qual se apropriou indevidamente.

Mas não é isso que vai acabar com a corrupção no Brasil, embora seja promissor. A corrupção vai acabar com a consolidação da democracia, a punição dos corruptos e de seus corruptores, mas principalmente com o acesso de todos os brasileiros à educação e à cultura.

É no exercício da cidadania que se forja o espirito crítico de um povo. E é com esse espírito crítico que cada brasileiro terá consciência do valor de seu voto escolhendo com consciência seus representantes.

Lula recebe título de doutor honoris causa da mais prestigiosa instituição de ensino superior da Europa

Por Dalva Teodorescu


O Instituto de Ciências Políticas de Paris (science Po) vai homenagear o ex-presidente Lula com o título de doutor honoris causa.

A escolha de Lula pela prestigiosa instituição é um “reconhecimento do corpo acadêmico da força de transformação do presidente Lula para o Brasil e para o lugar do Brasil no mundo”.

Lula receberá o título em 27 de setembro.

O presidente será a primeira personalidade latino-americana e a 16° personalidade a receber a distinção desde a fundação do Instituto, em 1871.

segunda-feira, 18 de julho de 2011
























FÉ, MACUMBA E MÁGIA








Para Artur Bispo do Rosário a prática era a de ordenar, catalogar, preencher, envolver e assim com esses procedimentos criar obras movidas por uma loucura santa, pois testemunhas de uma fé inabalável. A fé dos ditos loucos é assim, desmedida, demasiada. Mas quando o que seria desordem e caos, sintomas de loucura, são sanados com as quatro categorias iniciais desse texto, necessariamente devemos aprofundar os nossos olhos nesses artefatos produzidos, em buscas de novos significados e em busca de nossas próprias curas.


Em Artur ordenar é lidar com o pensamento hierárquico, confirmando status, conflitando ou alterando as relações amplamente estabelecidas. A confirmação se dar pelo reconhecimento de elementos da mesma origem, mesma cor, mesmo tamanho. O conflito prever o distanciamento dos elementos, enquanto se medem. A alteração é a confirmação de uma nova ordem desejada.


Catalogar em artes visuais é sinônimo de mapear, mas do que um arquivismo de dados de uma experiência cientifica, é a confirmação de uma poética que vai buscar nos signos gráficos ao mesmo tempo ordem e inebriamento, precisão e difusão. Em Bispo quase sempre é o uso da escrita e numeração, tornando o nome em visível, em um signo que intrinsecamente traz uma carga visual. Seu catalogar é antes de tudo uma tensão visual. No catalogar de Bispo, percebe-se que uma lei maior está permeando a ordenação espacial.


Preencher é a eliminação da laguna, é sobrepor ao valor efêmero que possuem os materiais, o valor eterno que só uma nova significação superior à condição meramente física alcança. Em Bispo o preenchimento é movido por uma obsessão de ser o tudo, de levar tudo, de ser ao máximo. Ele é rico e poderoso por ter tudo aquilo que significa muito, e uma vez preenchido espaços com esses símbolos uma grande dor do ser e do ter é resolvida.


Envolver ou encapsular é guardar a aparência real das coisas, dando a estas, outras qualidades e sentidos. Assim quando Bispo envolve uma ferramenta de metal, uma serra, por exemplo, com fios de linha, ele busca tornar o que é um objeto que normalmente seria lido pela sua função em um objeto simbólico. Tornar macio o que é duro, torna aparentemente leve o que é pesado, torna-se o guardião da forma disfarçando sua aparência. Para Jorge Anthonio e Silva “Mudar a exterioridade dos corpos, pelo processo de encapsulamento, é um princípio cuja propriedade subjetiva pode estar nas origens da condição paradoxal do artista, com a cisão do eu e a projeção do inconsciente sobre a razão.”



“Talheres” é um exemplo do ato puro de ordenar: são 49 colheres de sopa, dez colheres de chá, quatro de café, cinco de sobremesa, dez garfos e seis facas, em metais variados. Nesta montagem também há um total preenchimento da base.


Em “Macumba” elementos de rituais religiosos, são ordenados em uma montagem em forma de vitrine. As imagens de santos, e mitos de umbanda vêem na parte de cima, com elementos de oferendas, colares, crucifixo e estrela de David. Em Baixo predomina elementos decorativos associados a uma série de colares. O preenchimento obedece a uma hierarquia de ordenação.


Em “abajur”, a intuição mística estaria mais para um ato de magia, se visto em contraponto com “Macumba”. Sugere uma casa, com certo clima para sua diretora de tudo: Rosângela Maria. Na parte de cima predomina elementos decorativos, com os abajures, replicas das esculturas da cabeça de Nefertit e de um mago árabe. Na parte de baixo, elementos encapsulados e outros em plástico e metal nos sugerem a parte estrutural do edifício.


O Manto é o próprio testemunho da fé em Bispo. Nele tudo e ordenação, preenchimento, catalogação e envolvimento. É sua obra com a finalidade de promover seu encontro com o divino na hora em que anjos o guiaria para a construção de uma novo tempo. Tomara Bispo que nossos destinos tenham sidos traçados pela sua santa loucura num ato de Fé, Macumba e Magia.




O manto da apresentação



Até mais,

do Abade Pimentel para o Bispo do Rosário









































sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ronaldino Gaúcho foi agraciado pela Academia Brasileira de Letras

Por Dalva Teodorescu


Ronaldino Gaúcho foi agraciado pela Academia Brasileira de Letras com a medalha Machado de Assis por serviços prestados à Seleção Brasileira de Futebol.

A decisão deixou mais de um indignado. Com tanta gente letrada por aí esquecida.

Mas não causou surpresa, depois que Merval Pereira se tornou imortal.

Machado de Assis deve estar se remoendo na tumba de ver que a casa que fundou caiu na vida.

Quem se lembrará de Merval e sua coletânea de artigos escritos para o jornal O Globo daqui há 50 anos?

O novo Teatro Municipal e os velhos hábitos que incomodam

Por

Juçara Amaral (coreógrafa e bailarina) e
Dalva Teodorescu


O Teatro Municipal não está respeitando uma norma, estabelecida durante a gestão da ex-prefeita Luiza Erundina, de liberar, antes do início do espetáculo, os lugares reservados que não foram ocupados.

É deplorável para os artistas e para o público, que só encontrou ingressos em galerias, observar fileiras inteiras vazias, na plateia e no Balcão nobre, após início do espetáculo.

Em geral, esses lugares são reservados á empresas que apoiaram a realização do espetáculo e isso é completamente normal e moral.

O que não é normal é não estabelecer normas condicionando a oferta do ingresso à necessidade de se chegar no mínimo meia hora antes do início do espetáculo. Passado esse tempo, o Teatro teria a disponibilidade de vender ou trocar os lugares, beneficiando aqueles que não conseguiram ingresso ou só conseguiram com visão prejudicada.

No Municipal, o cesso á sala de espetáculo só e permitido cinco minutos antes do início. Isto induz o público a chegar na última hora o que dificulta a sua acomodação. Depois de começado o espetáculo as portas continuam abertas, o que prejudica a concentração necessária para o evento.

Mas o respeito aos artistas e à atividade que se está promovendo deve ser dado primeiro por quem produz o espetáculo e por quem administra o Teatro.

Não é exclusividade do Municipal só abrir as portas no último minuto antes do espetáculo. Isso ocorre em vários teatros de São Paulo que concentram o público, espremido nas portas da entrada, como boiada diante da porteira.

Uma prática bizarra.

Brasil em 7.º lugar no quesito da eficiência dos governos em inovação e criatividade.

Hoje, o jornal o Estado de São Paulo traz na seção Opinião dados sobre a avaliação do Indicador Global de Inovação do país, por órgãos da Europa e da ONU. .

Não é comum a imprensa dar destaque as boas notícias sobre o Brasil.  Por isso publicamos aqui a matéria do Estadão.


Inovação na América Latina
15 de julho de 2011
0h 00

• Leia a notícia

- O Estado de S.Paulo

Ao avaliar de acordo com novos critérios a evolução do processo de inovação na América Latina, o Insead, uma das principais escolas de negócios da Europa, chegou a conclusões animadoras e até surpreendentes. Em relatório que publica anualmente, em parceria com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), uma agência especializada da Organização das Nações Unidas, o Insead apontou uma notável evolução do Brasil no Indicador Global de Inovação (GII, na sigla em inglês). Entre 125 países analisados, o Brasil ocupa o 47.º lugar, 21 posições à frente da classificação obtida no relatório de 2010, e agora à frente da Rússia e da Índia. De acordo com o estudo do Insead e da Ompi, o Brasil cria muito com poucos recursos e, por isso, no quesito da eficiência dos governos em inovação e criatividade está em 7.º lugar, à frente das principais economias industrializadas.

No capítulo sobre os avanços recentes da América Latina no campo da inovação - isto é, o desenvolvimento de novos produtos, mudanças nos processos produtivos, métodos de marketing e evolução do ambiente econômico e do modelo de negócios -, o relatório afirma que o tema passou a ocupar uma posição destacada entre as principais preocupações dos governantes e dos dirigentes das empresas. O ambiente político e econômico da região ficou mais favorável para a atividade produtiva e para a inovação, em razão da adoção de políticas fiscais mais rigorosas e claras e, depois da crise global, de medidas que evitaram a estagnação econômica.

Sem deixar de considerar na devida proporção elementos conhecidos e essenciais para aferir o grau de inovação nas economias nacionais e nas empresas - como os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o número de patentes requeridas e registradas anualmente, a participação dos produtos de alta tecnologia na pauta de exportações de um país e a produtividade média da economia, entre outros -, o relatório do Insead/Ompi leva em conta outros fatores de grande relevância na América Latina.

Um deles é a inovação num país com abundantes recursos naturais. O exemplo de política pública eficiente nessas condições, citado pelo relatório, é o trabalho da Embrapa, que tem estimulado o cultivo das variedades mais adequadas a cada região do País. Outra política destacada pelo Insead e pela Ompi é a formação de nichos tecnológicos com apoio público ou privado, como os arranjos produtivos locais estimulados pelo Sebrae. Na inovação voltada para a preservação ambiental, o relatório cita o desenvolvimento do etanol no Brasil, que transformou a América Latina na segunda maior região produtora de biocombustível do mundo.

O relatório observa que, para melhorar sua posição no mundo, a América Latina precisa melhorar seu capital humano - pesquisadores, empreendedores, gerentes, empregados, fornecedores e clientes -, melhorando o sistema de educação formal em todos os níveis e o treinamento e retreinamento da mão de obra.

Os governos precisam assegurar ambiente adequado para a produção e a inovação, oferecer condições adequadas para o desenvolvimento da pesquisa científica e garantir a estabilidade das regras para a atividade econômica e a infraestrutura necessária, inclusive por meio de uma rede ampla de internet de alta velocidade. É preciso, também, que haja fonte de financiamentos para as empresas empreendedoras.

São condições conhecidas há muito tempo, mas que o Brasil ainda não consegue oferecer. Dos 125 países examinados, o Brasil ocupa a 95.ª posição no que se refere à qualidade do sistema de ensino superior. Quanto a ambiente para a realização de negócios, a posição brasileira é ainda pior: 118.ª. Além de ter uma carga tributária classificada entre as 5 piores entre os 125 países, o Brasil é o penúltimo em termos de rapidez na abertura de novos negócios. Tudo isso tem muito a ver com a ação do poder público.

Por isso, o avanço do Brasil no campo da inovação depende muito mais do governo do que do setor privado.

Tópicos: Opinião, Versão impressa

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pão de Açúcar desiste da fusão com o Carrefour e quem perde é a economia nacional

Por Dalva Teodorescu

Tão logo o foi anunciado que Abílio Diniz desistiu da fusão entre o Pão de Açúcar e as operações do Carrefour do Brasil veio a notícia que a americana Walmart está interessada em comprar as operações brasileira do grupo francês.

Hoje, matéria publicada em O Globo trás a informação que além do grupo francês Casino controlar o Pão de Açúcar a partir de 2012, a fusão do Carrefour com a americana Walmart permitiria a americana controlar 30% do varejo nacional. A isso se adiciona a ampliação dos negócios do grupo chileno Cesconsud no Brasil á partir de 2012.

A imprensa que foi a primeira a denunciar investimento privado com dinheiro público na operação, agora informa que o setor hiper/supermercadista nacional vai perder dois terços do seu controle para os grupos estrangeiros se ela não ocorrer.

Os três grupos estrangeiros passariam a deter 60% do varejo supermercadista no Brasil, contra os cerca de 30% hoje. O percentual chegaria a 65% em estados como São Paulo, informa o jornal.

A estimativa, segundo O Globo, foi feita por Claudio Felisoni, presidente do programa de administração do varejo/ibevar que não vê nessa concentração um problema porque isso já ocorre em outros setores, como o automobilístico.

Os que criticam a participação do BNDS na fusão alegam que não existe na operação o componente desenvolvimentista de se investir no varejo, por isso o Banco não deveria ser a premissa básica para sua realização.

Citado pelo jornal, Olavo Henrique Furtado, coordenador de pós-graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios, afirma que “a participação de dinheiro público em operações segue a linha chinesa de participação pesada do Estado em vários setores, como ocorre com a China”.

Para Furtado, “perdemos uma grande chance de ser um player no varejo mundial, que é um segmento de grande visibilidade. Seria de certa forma o que Embraer e JBS representam para o segmento deles”.

Diniz sempre defendeu que a entrada do BNDES na operação visaria evitar o risco de desnacionalização do setor varejista no país.

Diante a enxurrada de críticas inclusive de setores progressistas, não tinha como o governo apoiar a iniciativa do BNDS de financiar a fusão.

Hoje em seu blog, Brizola Neto denuncia o que considera uma entrega do setor ao capital estrangeiro. Trata-se de um “mercado de 190 milhões de consumidores, com poder de compra crescente, sob um virtual oligopólio estrangeiro – como ocorre no próprio setor automobilístico”.

Brizola lembra que na operação está em jogo não apenas grupos empresariais, mas nações. Segundo ele, a operação não era um bom negócio somente para Abílio Diniz e que a sua inviabilização representa um mau negócio para o país, que caminha para ser o terceiro maior mercado de varejo do mundo.

Perde com isso o setor hiper/supermercadista nacional e ganha reforço a regra do mercado liberal cuja premissa básica é evitar que o Estado invista em mercados lucrativos resevados aos grandes grupos empresariais. Ainda que, como lembra Brizola Neto, isso nos leva a “desnacionalização de uma economia nacional que, quanto mais cresce, menos nossa é”.  http://www.tijolaco.com/gorado-o-negocio-ja-podem-dizer-a-verdade/

O trem bala ou TGV: simples assim

Por Dalva Teodorescu


A imprensa propala o fracasso do leilão para o trem Bala ou Trem de Alta Velocidade (TAV) entre Rio e São Paulo. As empreiteiras nacionais boicotaram o leilão e somente representantes de multinacionais se apresentaram na BMF&Bovespa na segunda feira.

Na verdade as empreiteiras já havia se servido da imprensa para anunciar que não apresentariam propostas porque não concordaram com o custo estimado pelo governo e com o montante de sua participação no orçamento.

O governo previu custo de 33 bilhões enquanto as empreiteiras estimam valor de 55 bilhões para o total da obra. Além disso, exigem entrar somente com três bilhões, o resto seria pago pelo governo.

Simples assim. Mas para se ter uma ideia o trem bala da China, que cobre trecho muitíssimo maior do que o Rio /São Paulo, custou a metade do preço orçado pelas empreiteiras e foi realizado no prazo de 4 anos.

Mesmo considerando os baixos salários chineses a diferença é colossal.

O governo não quis adiar o leilão, mesmo com a ameaça das empreiteiras, porque já tinha um plano B preparado. 

Agora, o leilão será dividido em duas etapas: uma para a escolha da tecnologia e a outra para a execução da obra civil.

A primeira etapa que será realizada no primeiro semestre de 2012 e vai se escolher o grupo que será responsável pelo projeto executivo e operador do TAV.

Com isso, o governo acredita ser mais fácil definir o valor das obras civis a ser definida na segunda etapa.

Os principais grupos interessados nessa operação são os franceses, alemães, espanhóis, japoneses e coreanos e o seu custo está estimado em 9 bilhões de reais.

A segunda etapa definirá os grupos que serão responsáveis pela execução da obra e está prevista para o segundo semestre do mesmo. A licitação será aberta par empresas nacionais e estrangeiras.

A obra será realizada por trechos e cada trecho será executado por empresas diferentes. O que significa que o consórcio que ganhar a licitação da segunda etapa terá que fazer novas licitações para escolher as empresas que participarão do projeto.

Com esse procedimento, o governo visa diminuir o prazo de conclusão da obra e obter maior controle sobre seus os custos.

Essa etapa está estimada em 24 bilhões. A participação direta do governo na obra será de quatro bilhões.

O governo não se curvou e as empreiteiras que se sentiram enquadradas agora falam que pediram a adiamento do leilão porque não tiveram tempo para formalizar acordos para participar do projeto.

Não consideram que o leilão já havia sido adiado duas vezes.

A imprensa e a oposição continuam criticando o projeto do TAV que consideram no mínimo ambicioso ou fantasioso.

O Brasil precisa se adequar o aos meios de transportes do século XXI. Não vamos fazer com o TAV o que fizemos com o metro que coloca as grandes cidades brasileiras como as menos servidas do mundo por esse meio de transporte.

O exemplo do metrô da cidade do México, um dos maiores das Américas, que iniciou no mesmo ano que o metrô da cidade de São Paulo, uma das piores do mundo, é um vexame.

Se quisermos continuar comparando o Brasil com a China, Coréia e outros países emergentes teremos que investir em infraestrutura de qualidade pensando a médio e longo prazo. O TAV é um exemplo.

Com o TAV uma viagem entre Rio e São Paulo será bem mais curta do que de avião, quando se considera o tempo para ir ao aeroporto, o registro de bagagens, etc.

É o que se observa hoje para ir de Paris a Lyon na França. Por isso os executivos preferem o TAV.

O preço também será competitivo e vai obrigar as companhias aéreas a rever os seus.

E depois será preciso ampliar muitos aeroportos, aumentar muito o número de voos para suprir a demanda de passageiros dentro de algumas décadas.

Que venha o TAV feiamente apelidado de trem bala.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Jornalista Ricardo Filho é demitido da Folha por Tucanos

Amigos e colegas:

Acabo de ser demitido da Empresa Jornalística Folha Metropolitana, um ano, um mês e quatro dias depois de ser contratado para ser repórter de política. A minha demissão ocorreu porque noticiei em primeira mão e venho acompanhando o caso de nepotismo na Secretaria de Estado da Energia, sob o deputado licenciado José Aníbal (PSDB). A notícia está na página 10 da edição desta quinta-feira do jornal Metrô News.

Na segunda-feira, fui para uma entrevista com o deputado Carlos Roberto de Campos (PSDB-SP), munido de várias perguntas, uma das quais sobre nepotismo. O Metrô News vem acompanhando o episódio da contratação de Mateus Achilles Gomes pelo secretário-adjunto da Pasta, Ricardo Achilles, desde o início de junho.

Uma das estratégias era ver a opinião de Carlos Roberto sobre o caso ocorrido na pasta comandada por José Aníbal, uma vez que o PSDB é muito veemente nas críticas contra irregularidades. Carlos Roberto não foi induzido ou coagido a falar, mas falou e criticou severamente Ricardo Achilles e o colega de ninho, José Aníbal. A matéria foi publicada hoje, claro, com o consentimento do editor-responsável.

Nesta tarde, Carlos Roberto foi à redação, conversou com a direção do jornal e exigiu que o veículo desse uma resposta. A resposta foi a minha demissão.

Acho que devo dar essa explicação a todos os que me acompanham diariamente na coluna, nas reportagens da Folha Metropolitana e do Metrô News ou na coluna 'Em Off', que mantinha e deveria ser publicada amanhã.

Aproveito para agradecer o carinho dos colegas e me desculpar por possíveis desencontro de ideias.Creiam, sempre coloquei a lealdade e o respeito acima dos interesses diversos que permeiam o posto que ocupava. Nunca pactuei com interesses outros que não fosse o de dar a notícia da forma mais correta. Nunca usei do cargo para fins de ética duvidosa. Nunca aceitei barganhar a notícia. Nunca 'carlosrobertei', nem 'anibalizei' meu trabalho.

Peço que me ajudem a multiplicar essa mensagem indignada. Penso que entrar e sair de empresas é comum e essa não é a primeira vez que acontece. Nunca, porém, tornei público o motivo da saída, por entender que essa é uma particularidade que cabe a patrão e a empregado. Dessa vez, porém, minha saída teve motivação política. Por trabalhar de forma correta, acabei punido.

O ciclo está terminado.

Um forte abraço a todos.

http://ricardogomezz.posterous.com/

POR QUÊ EXISTIMOS?

Por Fernando Cardoso

Ás vezes me pego furtando com a questão que insiste em martelar minha cabeça: “Por quê existimos?”. Existe algum fundamento nesta caótica existência? Será que realmente queremos sucumbir com nossa famigerada raça? Existe o Apocalipse? E onde está a gênese humana? Muitas teorias, divagações, mas muito pouco, pode-se concluir. Na verdade ficamos num grande jogo de razão e emoção. Alguns são mais felizes, simplesmente se apegam em sua fé, e não precisam enxergar nada. Outros se agarram em conclusões lógicas e científicas e o que não pode ser embasado não passa de resquícios na mente cética.
 Na verdade não sabemos viver a nossa própria vida, nos perdemos diante de nossa essência que fica surrupiada diante da liquidação mercadológica de ideologias. Não sabemos aproveitar o hoje. Que bom se soubéssemos usar o mínimo desta caixa que nos foi dotada e que nos diferencia como pensantes diante dos outros animais.  Aliás, cada animal deste mundo nem sabe o seu por quê. É instinto... É assim com todos, até com nós que ousamos dizer que pensamos. Pois é, seria tão fácil ficar com a famosa frase da música de Roberto Carlos: “É preciso ter cuidado pra mais tarde não sofrer. É preciso saber viver.”
Diante desta simplicidade de viver, ultrapassamos as barreiras e nos colocamos numa complexidade que no final quem sai perdendo somos nós mesmos.  Exigimos tanto de nós mesmos que acabamos ficar sem lastro nenhum para nos equilibrar diante deste grande jogo da vida.  Tantos questionamentos, perturbações, inquietações... já não bastassem as internas, temos que lidar com as interferências externas: a violência urbana, a corrupção, as falcatruas e maracutaias que não estão apenas nos noticiários, mas insistem em nos assombrar também em nossa comunidade e também na família.
Aliás, deveríamos aprender a lidar com a diversidade de mundo que se apresenta diante de nós, não só da flora, fauna e outros recursos naturais, mas também a diversidade humana, tentando compreender as interfaces de cada ser. Os governantes deveriam valorizar mais cada ser que faz parte desta espécie que caminha mais perto do grande dilúvio. Possibilitando melhores condições de uma verdadeira e real integração, com melhorias na educação, possibilitando um acesso  à cultura, fomentando um verdadeiro cidadão e não apenas somando mais um diante da massa.
Eliminando todo e qualquer ranso que possa prejudicar. Parar com as condenações, pois sempre fazemos com uma visão parcial das coisas. Sem deixar levar pelos padrões impostos pela sociedade. Por que insistimos nesta falsa condição? Por que deixamos condicionar nossos pensamentos? Que mania é essa de querer rotular? Não somos produtos armazenados em prateleiras. Somos seres humanos. Cadê a nossa essência? Cadê o coração? Cadê a chance de viver a vida em sua plenitude? Cadê a chance de conhecermos a nós mesmos de verdade? Cadê a chance de conhecermos os outros? Cadê a chance de realmente sentirmos o sabor do mundo? Aquele gosto da verdade e nada mais. Não importa se há momentos doces ou amargos. Mas prevalecendo que são momentos verdadeiros. Por que continuamos arraigados nessa hipocrisia que não nos leva a nada? Cadê o verdadeiro “carpe diem”?
Por vezes no achar o verdadeiro ideal nós encontramos como  anunciou Carlos Drummond: “no meio do caminho tinha uma pedra”. E por vezes é tão ínfima essa dificuldade, mas não é como vemos, pois  somos condicionados a transformar nossos problemas em verdadeiros “Golias”. E outras vezes não agimos com o pragma e ficamos no será. Por que temos medo de ir em frente? Por que o medo? Por quê? Enquanto estivermos pensando na busca colocando os outros no lugar de nós,  acho que estamos nos perdendo. Estamos sucumbindo dentro da falsa verdade que queremos acreditar. Mas é mais fácil asssim. Até quando? Até quando essa pequenez de alma estará em nós? Cadê aquelas antigas almas grandes que se permitiam sonhar? Sonhar? Que bobagem. Se sonhamos, as pessoas acham que vivemos uma fantasia. Mas sou teimoso, prefiro viver sonhando do que ser um realista infeliz.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Fim do News of The World

Por Dalva Teodorescu

Depois de 168 anos de publicação o mais sensacionalista dos jornais inglêses, News of The World, chega a seu fim.

O último número será publicado no dia 10 de julho. O jornal não suportou mais um escândalo sobre suas práticas de escutas telefônicas ilegais.

O jornal britânico sempre utilizou métodos contestáveis para bisbilhotar a vida de pessoas de notoriedade, como membros da monarquia, artistas e políticos, mas também famílias de soldados vítimas de guerra.

O jornal foi longe demais quando atrapalhou a investigação da polícia sobre o desaparecimento de uma jovem. Detetive contratado pelo jornal chegou a apagar mensagens deixadas no celular da moça, o que fez crer à sua família e à polícia que ela estaria viva.

A falta de compaixão com a família e a desaprecida indignou o parlamento, políticos de direita e esquerda, o primeiro ministro David Cameron, a grande imprensa e toda a sociedade inglesa.

Diante do clamor que suscitou o caso, o magnata Rupper Murdoch decidiu fechar o jornal de sua propriedade.

A imprensa inglesa não se comoveu com a notícia do fechamento do jornal e diz que o Murdoch tenta fazer boa figura junto ao governo inglês, do qual espera obter o acordo para comprar 61% da BskyB maior provedora de TV por assinatura no Reino Unido.

Diante do escândalo a decisão foi adiada para setembro. Mas agora o escândalo envolveu o primeiro ministro David Cameron. Seu ex-diretor de comunicação Andy Coulson foi detido pela polícia britânica e solto depois de pagar fiança. Coulson era o editor do News of The World quando ocorreram as escutas telefônicas.

A oposição acusa o primeiro ministro de ter relações bastantes próxima com Rupper Murdoch, o que deve dificultar a negociação.

Murdoch é um grande magnata da imprensa dono do também inglês The Sun of Sunday e do antiquíssimo The Times além da Fox News e The Wall Estreet Journal, ambos americanos.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ministro dos Transportes apresenta sua carta de demissão

Por Dalva


O Planalto começou as articulações para substituir o ministro dos transportes Alfredo Nascimento.

Diante do agravamento da crise o ministro apresentou sua carta de demissão.

A matéria da revista Veja revelando descontentamento de Dilma com o Ministério dos Transportes surgiu como a oportunidade para a presidente escolher alguém de sua confiança.

Segundo a revista Dilma achava abusivo o aumentos dos gastos do Ministério. Há quem diga que a matéria da Veja mostrando o descontentamento da presidente tenha saído do Planalto.

Dilma precisava de um escândalo e aproveitou as denúncias de corrupção para fazer uma intervenção branca no Ministério que tem a maior verba do PAC. 

A presidente não conseguiu nomear um novo ministro para a poderosa pasta quando de sua posse. O ministério dos transportes é feudo do PR desde o início do governo Lula. Como foi do PMDB durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

No início da semana Dilma suspendeu toda a cúpula do Ministério, inclusive o chefe do gabinete, e deu um voto de confiança ao ministro Alfredo Nascimento desde que ele se explicasse. Mas a situação do ministro só fez piorar com novas denúncias envolvendo enriquecimento exponencial de seu filho.

Não é mais possível aceitar que os partidos se apropriem dos Ministérios. Dilma talvez consiga reverter essa situação, ao longo de seu mandato.

Não vejo na queda do ministro um drama para o governo. Ao contrário. Vejo como um expurgo que espero atinja outros focos de corrupção.

A questão agora é saber se Dilma vai conseguir tirar o Ministério dos Transportes do PR que o comanda há 7 anos.

"Sou um homem do passado", diz Antonio Candido em Paraty

Da Folha.com
FABIO VICTOR

GABRIELA LONGMAN

ENVIADOS ESPECIAIS A PARATY

O crítico literário Antonio Candido, que fará hoje à noite a conferência de abertura da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), disse que sua amizade "profunda" com Oswald de Andrade o fez aceitar o convite para participar do encontro.

A nona edição da festa literária homenageia Oswald (1890-1954), intelectual ícone do modernismo brasileiro, a quem Candido chamava de "Oswaldo".

Veja a programação principal da Flip 2011

"Considero minha vida intelectual completamente encerrada. Sou um sobrevivente. Não dou entrevista, não dou curso, não publico mais nada. Mas acontece que fui muito amigo de Oswald de Andrade", afirmou ele, numa conversa com jornalistas na pousada em que está hospedado na cidade fluminense.

"Escrevi uns artigos de que ele não gostou, ele desceu a lenha em mim, ele era terrível, me chamou de mineiro malandro. Mas não me deixei alterar, vi que tinha sido um pouco injusto nos artigos e fiz um ensaio sobre Oswald, que ele gostou, e ficamos muito amigos, inclusive fui padrinho de uns filhos deles."

"A filha dele é amiga de infância de minha filha e me pediu. Acho que sou provavelmente o último amigo vivo do Oswald de Andrade. Não sou da geração dele, sou 30 anos mais moço, da geração seguinte. Mas achei que era uma espécie de obrigação contar como eu e minha geração víamos aquela personalidade vulcânica que era o Oswald."

Candido, que fará 93 anos no próximo dia 24, falou por quase 40 minutos, exibindo vitalidade e disposição.

Queixou-se apenas do cansaço da viagem de automóvel. "Essa serra de Paraty não é fácil."

Questionado sobre novas tecnologias para a leitura, disse que este "era um mundo fechado" para ele.

"Revelo aqui se vocês não contarem para ninguém, mas ainda escrevo a máquina. Sou um homem do passado, encalhado no passado. Não tenho computador, não tenho e-mail."

O crítico contou que não acompanha a produção literária contemporânea. "Não leio nada [atual]. Doei grande parte de minha biblioteca. Estou completamente fora do mundo literário. Nem sei quais são os autores atuais. Há cerca de 20 anos não leio coisa nova nenhuma do Brasil nem do estrangeiro. Leio sobretudo coisas do passado, Dostoiévski, Tolstói, Proust, Machado, Eça de Queiroz. O que não quer dizer que os atuais não sejam do mesmo nível, só que não os conheço."

Afirmou também ser "um mau leitor de jornal". "Todas as manhãs, dou uma lida rápida na Folha de S.Paulo, e só".

CRÍTICA SEM RISCO

Candido avaliou que a crítica literária brasileira continua sendo muito boa, mas que se arrisca menos do que no seu tempo.

Segundo ele, hoje a crítica literária vinda da universidade é dominante, e, disse Candido, essa corrente tradicionalmente analisa autores consagrados.

"Sou de um tempo em que a crítica literária era atividade jornalística. Levei para a universidade a crítica jornalística. Hoje é o contrário, a universidade tomou conta da crítica e os professores vêm escrever no jornal. Eu não, eu fui do jornal para a faculdade."

"Hoje a crítica literária acadêmica não corre risco nenhum, é uma atividade extremamente segura. Os rapazes fazem tese sobre Machado de Assis, Jorge Amado, José Lins do Rêgo, Clarice Lispector. Agora, a pessoa pegar o livro [de um autor contemporâneo] e dizer 'esse bom, esse é ruim', isso acabou."

Para Candido, "o Brasil sempre foi um país de boa crítica literária". A gente pega a América Latina, do México a Patagônia, não tem nenhum pais que tenha tão boa crítica literária. Foi o primeiro país que fez história da sua literatura. Eu pessoalmente tive uma sorte extraordinária porque fui crítico literário num tempo de esplendor da literatura brasileira", afirmou,

"Eu brinco com alunos meus que são bons críticos: tenho pena de vocês, porque vocês têm que escrever artigos sobre os autores atuais, por melhores que sejam não são Mário de Andrade, não são Guimarães Rosa, não são Carlos Drummond de Andrade. Eu tinha que fazer para o jornal um artigo por semana sobre as novidades. 'Acaba de publicar um livro Sr. Graciliano Ramos.' Eu tive a sorte de viver num tempo de esplendor da literatura brasileira, foi mais ou menos até mil novecentos e cinquenta e poucos. Não quer dizer que [hoje] seja má, mas não tem mais aquele esplendor."

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/939733-sou-um-homem-do-passado

Governo Dilma é aliado dos direitos Humanos LGBT

Toni Reis
Presidente ABGLT

Cada pessoa faz suas análises a partir de sua visão de mundo. Tem pessoas que vêem uma chuva maravilhosa e pensam no barro que vai causar. Outras vêem a limpeza e ar puro que pode causar.

“O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade". (Winston Churchill)

O Governo Dilma atuou de forma maravilhosa e competente nas Nações Unidas (ONU). Por meio do Ministério das Relações Exteriores, ajudou a aprovar, no conselho de Direitos Humanos, a mais importante resolução que já tivemos até hoje em prol das pessoas LGBT, de todo o mundo.

Essa atuação mostrou que o governo da Presidenta Dilma está totalmente comprometido com os direitos humanos da nossa população e com certeza contribuirá para que a perseguição contra LGBT em vários países do mundo recue.

O Governo Dilma, com o apoio da Secretaria de Direitos Humanos e por meio da Advocacia Geral da União e da Procuradoria Geral da República, defendeu a aprovação da união estável entre pessoas do mesmo sexo no STF. Nos votos dos eminentes Ministros do Supremo muitas políticas públicas do Governo Federal foram citadas.

O Governo Dilma , por meio da Secretaria de Direitos Humanos, deu posse ao Conselho Nacional LGBT, com representantes de 15 ministérios e 15 representantes da sociedade Civil. No total, são - sem mencionar os suplentes - 30 pessoas envolvidas do Governo Federal e 30 da sociedade civil que estão conselheiras e conselheiros, titulares e suplentes. Não se tem notícia de algo parecido em outros países do mundo.

A presidenta Dilma e a ministra Maria do Rosário convocaram a II Conferência Nacional LGBT e as 27 Unidades da Federação já estão organizando as Conferências Estaduais LGBT, das quais cinco já convocaram ( MS, MG, RS, SP e AP). Importante ressaltar que o tema da Conferência aponta para o debate da superação da pobreza e da miséria entre a população LGBT, algo inovador.

O Governo Dilma, por meio da Ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, lançou o Grupo de Trabalho de Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, assim como editais para o financiamento de projetos. Pela primeira vez, mulheres trans foram contempladas em políticas neste Ministério, mais um avanço desse governo.

O Governo Dilma, através da Secretaria de Direitos Humanos, lançou o módulo LGBT no serviço Disque Direitos Humanos (Disque 100). Até 12% dos atendimentos realizados são de LGBT.

O Governo Dilma, por meio da Secretaria Geral da Presidência da República e do Ministério do Planejamento, está discutindo com a sociedade civil o PPA (Plano Plurianual) para ampliar as ações de promoção da cidadania LGBT. A Secretaria de Direitos Humanos já se comprometeu a incluir um Programa Temático Específico, intitulado "Promoção da Cidadania LGBT" no PPA, o que vai facilitar a garantia de recursos orçamentários para o Plano Nacional LGBT nos próximos anos.

O Governo Dilma, de conjunto, recebeu o movimento social LGBT quando da realização da II Marcha Nacional Contra Homofobia. Fomos recebidos por 15 Ministérios. Foram 10 Ministras e Ministros que representam a Presidenta Dilma, já que ocupam suas pastas por vontade expressa da Presidenta.

O Governo Dilma, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, convocou 10 lideranças travestis e transexuais para iniciar o projeto "Astral TOP" e combater a exclusão das pessoas trans no mercado de trabalho.

O Governo Dilma, por meio do Ministério da Defesa, que acatou nossa reivindicação, mandará projeto de lei para o Congresso Nacional a fim de retirar as palavras "homossexual" e "pederastia" do Código Penal Militar.

O Governo Dilma, por meio do Ministério da Saúde e do Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais, lançou edital para financiamento de projetos de assessoria jurídica e também de prevenção nas paradas do Orgulho LGBT.

O Governo Dilma, em ação da Secretaria de Direitos Humanos, lançou o edital para projetos de educação em direitos Humanos e Centros de Referências que contemplam as demandas LGBT.

O Governo Dilma, em atitude ousada, regulamentou a visita íntima para casais do mesmo sexo a pessoas privadas de liberdade, em todo o Brasil.

O Governo Dilma já declarou inúmeras vezes que é contra homofobia e contra todas as formas de violência e que trabalhará para combater a homofobia.

Efetivar esse compromisso fez com o Governo Dilma - por meio da SDH - lançasse, já em fevereiro de 2011, a campanha Faça do Brasil um Território Livre da Homofobia, campanha que deverá atingir todo o território nacional.

O Governo Dilma mantém duas importantes estruturas institucionais de promoção dos direitos de LGBT em seu governo: a Coordenação Nacional LGBT e a Secretaria Executiva do Conselho Nacional LGBT, ambas instaladas na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

O Governo Dilma, por meio da Receita Federal, recebeu, pela primeira vez na história do Brasil, as declarações conjuntas de Imposto de Renda de casais homossexuais.

Ao contrário do que muitas vezes é dito, o Governo Dilma não vetou o “Kit” do Projeto Escola sem Homofobia. Apenas suspendeu-o temporariamente e já está dialogando para melhorar e ampliar o raio de atuação do Escola Sem Homofobia.

A proposta é construir um material que combata todas as formas de discriminação e bullying no ambiente escolar. Será um "Kit Respeito e Cidadania" nas escolas. Afinal, nós LGBT sofremos também outras discriminações cruzadas e acrescidas se somos negros, mulheres, pobres, pessoas com deficiência, etc. Devemos nos solidarizar com todas as pessoas que sofrem outros tipos de bullying e violência escolar, incluindo a violência sofrida pelos milhares de professoras e professores do nosso país.

Com certeza, são muitos os avanços em apenas seis meses de Governo Dilma. Nem todos dos quais estão registrados aqui, mas todos vão na direção de garantir a cidadania plena da nossa população LGBT.

O Governo Dilma, por meio de suas lideranças no Congresso Nacional, já confirmou que é favorável à criminalização da homofobia,

"O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso. (Ariano Suassuna)".

O Governo Dilma representa a continuidade do governo Lula, que foi o que mais fez pela cidadania LGBT na história do Brasil.

O Governo Dilma é aliado dos direitos Humanos e da cidadania da população LGBT do Brasil e do mundo. Cabe a nós, do movimento LGBT fazer a mobilização e pressão, mas sempre no diálogo respeitoso com um governo que é nosso aliado.

Não podemos, nunca, sob pena de retrocedermos, confundir aliados que cometem erros ou recuam, com adversários ou com inimigos fundamentalistas.

Com aliados se conversa, se negocia, se entende e se avança.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Carta ao jornalista Caio Blinder

Por Dalva Teodorescu


Prezado Caio Blinder


Surpreendeu-me o seus comentários sobre o caso Dominique Strauss Khan. De início você seguiu cegamente a imprensa americana e desdenhou o povo francês, quando sua maioria não acreditou na história de estupro. É que o povo francês tem em mente certo vestido azul de Monica Lewinski, valioso porque manchado do esperma de Bill Clinton.

Portanto, os franceses, que respeitam a presunção de inocência, ficaram sim chocado de como a justiça e a mídia americana trataram DSK e a França.

Veio a verdade e logo me liguei na Jovem Pan para saber sua opinião. Nada naquele dia.

No dia seguinte você entrou no ar para dizer que, segundo o Figaro, 1 francês sobre 2 não quer a volta de DSK á politica. E completou (sic) depois da prisão de DSK os franceses mudaram sua cultura e agora acham importante saber da vida privada de seus representantes políticos.

Quase cai da cama. Tudo bem que os jornalistas às vezes falam coisas sem nexo, mas dizer que o povo francês, oriundo dos Franco e Gauleses, de cultura milenar, cultos, informados, críticos e cheio de espírito mudaram sua cultura em menos de um mês, por causa de uma atitude discutível de um promotor que agora está prestes a perder, se não o seu cargo, a sua reputação é demais.

Ontem no programa Manhattan Connection pouco se falou sobre o caso. Visivelmente constrangido você pediu para que não se fizesse julgamento precipitado. Seu colega Ricardo Amorim lembrou então que você tinha sido precipitado quando todos acusavam DSK. Você amarelou e negou. Ficou chato.

Hoje surgiu um fato novo. Uma jornalista francesa acusa DSK de assédio sexual (não estupro, como você afirmou) e logo  no microfone da Jovem Pan você anunciou a novidade que corria na Internet desde a manhã de ontem.

O Problema meu caro Blinde é que hoje, na era da Internet e do canal a cabo, ser correspondente estrangeiro é muito difícil. As notícias são instantâneas.

O correspondente deveria se limitar a comentar fatos da sociedade de onde se está correspondendo. Por ter vivido 22 anos fora do Brasil sei o quanto é difícil ter uma visão completa e analítica de fatos do cotidiano do país, por mais que se mantenha inteirado pela imprensa e, hoje, pelas redes sociais.

Essa defasagem é ainda mais gritante no caso de Manhattan Connection, um programa desconectado da realidade brasileira. Os animadores podem se sentir muito sabidos e felizes, mas o programa, na maior parte das vezes, se configura num fiasco. Sobra a pretensão e o autoritarismo de opinião.

Outro dia uma jornalista brasileira da Globo News, que se diz também do New York Times, criticava a educação brasileira. Dizia que existia um oba oba em torno do Brasil mas a educação por aqui era péssima. Diogo Mainarde ironizou perguntando se existia alguém no Brasil com educação adequada. Todos se divertiram perguntando se a observação lhes servia também. Vou defender aqui o fato que muito foi feito e está sendo feito na área e defendo sim o nível educacional de muitos brasileiros brilhantes.

Pois é, no instante seguinte, a jornalista do NYT disse que desde o fim da ditadura se fala que o Brasil é o país do futuro. Você Caio e o Lucas Mendes riram da bobagem e disseram que a expressão era mais antiga do que a ditadura. Eu fiquei pasma com a falta de cultura e conhecimento da jornalista. A expressão “Brasil, um país do futuro” é o título do livro do grande escritor Austríaco Stefan Zweig publicado em 1947.

Claro que você deve saber disso, mas não o esclareceu para a pobre jornalista do NYT que continuou ignorante sobre o fato.

Na verdade a desinformação corre solta e em um desses programas Ricardo Amorim demonstrou total falta de Connection com a realidade brasileira, ao responder a Lucas Mendes sobre exemplos de favelas em processo de urbanização.

Amorim titubeou e respondeu que se tratava de favelas bairros, que queriam instalar no Rio de Janeiro, com postos de saúde e quadras de esportes e parou por aí.

Lucas Mendes do alto de sua torre de marfim de Manhattan ficou sem saber que a favela Heliópolis, situada na zona sul da cidade de São Paulo, está, há muito tempo passando pelo processo de urbanização.

Vários projetos são ali desenvolvidos, entre eles o do arquiteto e urbanista Ruy Ohtake de pintar fachadas de casas da favela. Além de equipamentos sociais como creches, postos de saúde, áreas de esportes, bancos, Heliópolis dispõem de uma orquestra regida pelo maestro Isaac Karabtchevsky. Criada em 1986, com um grupo de 36 alunos da comunidade a Sinfônica hoje conta com mais de 80 músicos de todo o país, dando exemplo de promoção da diversidade cultural na prática de inclusão social.

Outro exemplo de urbanização de favela bem sucedido é o de Santa Marta no Rio de Janeiro. Primeira a ser inserida no Programa de Pacificação de Favelas, Santa Marta está se tornando um bairro, com vários equipamentos públicos funcionando. Foi modelo para as outras favelas do Programa e seus moradores costumam alugar as lajes de suas casas para turistas assitirem aos fogos de artício, em Copacabama, na passagem do ano.

São modelos que poderiam dar conteúdo ao pobre comentário de Amorim, ou caso desconheça esses projetos, o mais honesto seria dizer que não tinha conhecimento de nenhum.

Também você Caio Blibder deu mostra de autoritarismo ao defender um polêmico texto do ex presidente Fernando Henrique Cardoso. Com tom professoral explicou que FHC falava daquele povo que já teria sido cooptado pelo PT.

Me entrigou. Teria sido você Caio cooptado pelo PSDB ao endossar tal ideia? Ou escolheu apoiar o partido de Higienópolis por ponderações críticas que só a consciência de cada um pode determinar.

E nós, classe média, médicos, arquitetos, sociólogos, engeinheiros e empresários que apreciamos um estilo de vida bem paulistano, saboreando um bom vinho com os amigos nos sábados de inverno, curtindo uma praia no verão, vendo Globo News e sonhamos com um mundo mais igual e mais justo para todos? Teríamos sidos cooptados ou recebido benesses do governo trabalhista que, a nosso ver, tanto proporcinou ao Brasil e ao povo brasileiro? Não teriamos capacidade crítica para fazer essa escolha?

É uma pena que brasileiros como Luca Mendes e você Caio Blinder não estejam assistindo às mudanças da sociedade brasileira, não somente em relação ao consumo, mas em relação à exigência dos direitos de cidadania. Como disse a presidenta Dilma Rousseff, hoje o povo brasileiro “não mais aceita políticas imperiais e certezas categóricas”.

Sim, existe muito a ser feito e boa parte dos trabalhadores brasileiros vivem em condições mais que precárias em transporte, saúde, moradia e educação. Mas muito foi feito e o Prouni permitiu que milhares de jovens pobres acedessem à Universidade, em áres como medicina, engenharia, ciências sociais e contábeis. Não é pouco.

Hoje o nosso povo está mudando. As exigências dos trabalhores das grandes construtoras por melhores condições de trabalho e fornecimento de passagens aéreas para visitar a família é apenas um exemplo.

As empregadas domésticas de antigamente, dormindo em cúbiculos, já quase não existem mais. É comum ver diaristas chegar ao trabalho com seus carros, comprado de segunda mão mas seus, ou suas motos, vestidas cada vez mais como suas patroas. A globalização e uniformalização da moda é uma realidade que atinge todas as classes sociais.

Outro dia, na TV, a irmã de um jovem que foi assassinado pela polícia, num cemitério de São Paulo, utilizava termos júridicos com destreza para explicar porque ia processar o Estado pela morte do irmão. Uma Prouni sem dúvida.

Manhattan Connexion, como o incosciente freudiano, não tem noção de tempo nem de espaço. Que tal descer do pedestal e começar a falar coisas que interessam ao público brasileiro.

Nesse sentido, Pedro Andrade mostrando eventos e curiosidades Novayorkinos faz mais sentido. Trás informações da cidade aos brasileiros, age como um correspondente, o que deveriam fazer os comentaristas da política nacional.

Sinto dizer lhes que no momento que a pátria amada USA começa a entrar em decadência, o nosso Brasil está em ascensão e, nesse sentido, estão perdendo o bonde da história de nosso país. Uma pena.

Como dizia-se na época que sairam do Brasil: O Brasil que imaginam Já era.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A volta de Chaves a Venezuela

Por Dalva Teodorescu

Uma multidão de venezuelanos se reuniu para receber Hugo Chaves que retornou de Cuba, onde se submeteu a uma cirurgia para retirada de um tumor.

Goste ou não de Hugo Chaves, as manifestações de carinho deixaram claro o quanto o povo apoia o seu governante.

Muitos analistas reconhecem que a doença de Chaves enfraqueceu as declarações de que o presidente venezuelano seria um bufão populista.

O historiador Alejandro Velasco da New York University, em entrevista à Carta Capital, afirma que o país não saberia o que fazer sem Chaves nesse momento.

De fato, durante sua estadia em Cuba, notou-se um vazio político na Venezuela e até mesmo a oposição percebeu que uma ausência prolongada de Chaves abriria uma crise no país que não interessava a ninguém.

Dilma afasta cúpula do Ministério do Transporte por suspeita de corrupção

Por Dalva Teodorescu


Desta vez não foi a imprensa quem fez a denúncia de corrupção que atinge o Ministério dos Transportes comandado pelo PR.

A presidente Dilma Rousseff já havia convocado o ministro do transporte Alfredo Nascimento para prestar esclarecimento quando a revista Veja publicou matéria sobre as denúncias.

Aliás, a revista deixa isso claro em sua edição escrita, mas não em seu site onde deixa entender que foi a própria Veja quem fez as denúncias.

Há muito tempo a presidente estava insatisfeita com a pasta comandada pelo PR e vinha cobrando do ministro, com planilha em apoio, que os atrasos nas obras não eram por falta de recursos, mas sim problema de gestão.

Dilma agiu rápido e foi aplaudida até pela oposição.

Hoje, depois de reunião com Alfredo Nascimento, Dilma manteve o ministro em seu posto para levar adiante as investigações sobre as denúncias que revelam um esquema baseado na cobrança de 4% das empreiteiras e 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras e rodovias e ferrovias.

A presidenta exigiu que as investigações sejam feitas pelo TCU e e pela Polícia Federal. 

Dilma deu um voto de confiança ao ministro porque a os 40 deputados e 6 senadores do PR que compõem a base aliada já tinham manifestado apoio ao ministro.

Agradou o PR mas desagradou a opinião pública. Mas os analistas políticos disem que Nasciemnto perdeu toda a sua base de apoio com a saída da cúpula inclusive seu chefe de gabinete e que Dilma teria dado corda para o ministro se salvar ou se eunforcar.

 É difícil governar com essa base aliada que é mais inimiga do que amiga.

E é de amargar ver todos os dias denúncias de corrupção envolvendo partidos de todas as tendências.

A possibilidade de serem descobertos e investigados não os intimida assim como não intimida as empreiteiras envolvidas em tais escândalos.

O legado de Itamar Franco

Por Dalva Teodorescu


É unanimidade na imprensa e entre a classe política que o ex-presidente Itamar Franco era uma pessoa integra e profundamente honesta.

Fez um bom governo e entre tantos feitos positivos passou democraticamente a presidência ao seu sucessor Fernando Henrique Cardoso.

A sua paternidade ao Plano Real foi finalmente reconhecida. Foi o presidente que deu o aval e bancou o plano apresentado pela equipe econômica de seu governo, chefiada pelo então ministro da economia FHC.

FHC se apropriou do plano Real e o mundo político e a mídia o legaram ao esquecimento, o que muito magoou Itamar. Sua glorificação e reconhecimento vieram com sua morte.

Um homem assim exemplar nos deixou um legado nada glorioso. Escolheu para seu suplente no Senado o presidente do clube de futebol Cruzeiro, Zezé Perrella (PDT-MG).

Perella sem nunca ter recebido um voto assume o mandato de senador de oito anos quase inteiro.

O problema é que o suplente está sendo investigado por enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e evasão de divisas e com o cargo as investigações ganha foro privilegiado.

Parte um homem honesto e entra um suspeito de corrupção, mais de acordo, é triste reconhecer, com a maioria do Congresso Nacional.

Está mais do que na hora de acabar com a situação do suplente que se elege sem voto. Se o cargo exige suplente é preciso que este seja submetido ao voto popular. Outra modalidade é o cargo deixado vago ser assumido pelo seguinte na lista dos senadores mais votados no estado. É simples assim.

A reviravolta no caso Dominique Strauss Khan

Por Dalva Teodorescu

A reviravolta no caso Dominique Strauss Khan, foi um golpe para muitos que rapidamente o condenaram sem considerar a presunção de inocência. O socialista é conhecido por ser um sedutor, o que combina mal com a violência descrita pela acusação de agressão sexual.

Na última sexta feira DSK foi posto em liberdade pelo promotor Cyrus Vance que havia pedido a sua prisão domiciliar sob fiança de 6 milhões de dólares.

Seis milhões de dólares! E muitos brasileiros dizem que a justiça americana é igual para todos. Para todos que têm milhões de dólares, é bom lembrar.

Mas o promotor voltou atrás e declarou que a camareira, uma africana de Nova Guiné de 32 anos, mentiu em vários episódios, como em seu pedido de asilo aos EUA.

A camareira estaria envolvida em crime de lavagem de dinheiro e teria recebido em sua conta bancaria cerca de 100 mil dólares.

O seu depoimento teria sido pré-gravado por um homem e ela teria decorado, por isso deu duas versões diferentes do que teria ocorrido após a suposta agressão sexual.

Além do mais, 24 horas após o ocorrido no quarto 2803 do hotel Sofitel, a camareira teria telefonado ao seu namorado, presidiário por tráfico de droga. Na conversa falou dos ganhos financeiros com a denúncia.

Diante de tudo isso o promotor agiu rápido, mas muitos dizem que teria comprometido sua reputação de excelente profissional.

Os franceses cuja grande maioria sempre acreditou que DSK fosse vítima de um complô recebeu a notícia com alívio.

Muitos sentiam vergonha da maneira como foram tratados pela justiça e pela mídia americana e agora acreditam que são os EUA que se encontram em situação constrangedora.

A mídia americana que estampava a manchete “DSK é um pervertido” tem agora por manchete “A camareira é uma puta”. Como se todas as putas fossem mentirosas e golpistas.

Não fizeram a mea culpa, mudaram o foco das denúncias e dos ataques.

O caso ainda está em julgamento e DSK deverá comparecer em nova audiência no dia 18 de julho, mas segundo os melhores criminalistas de NY o caso deverá ser arquivado antes desta data.

Como a maioria dos franceses, nunca acreditei nas acusações. Me solidarisei com Anne Sinclair, esposa de DSK, adimiravel e estoica nessa história.

Sabendo dos estreitos laços do grupo Arcor com o UMP, o partido do presidente francês Nycolas Sarkosy,  membros do partido socialista francês acreditam que o Sofitel poderia estar envolvido no assunto. O gerente do hotel foi o primeiro a sair em defesa da camareira atestando sua boa conduta, hoje contestada por colegas do Hotel.

Sabe-se agora que o Hotel comunicou a prisão de DSK a Sarkosy antes de ter se tornado pública. Sarkosy não acenou com a imunidade diplomática como é costume nesses casos.

A atitude da polícia de Nova York, cujo chefe foi condecorado por Nicolas Sarkosy, sem que ninguém saiba por que, também não é isenta aos olhos de muitos franceses do partido socialista.

O fato de o promotor ter reconhecido a conduta duvidosa da camareira e concedido a liberdade à DSK, um dia após a nomeação de Christine Lagarde ao posto de gerente chefe do FMI, posto ocupado antes por DSK, também causa certo mal estar.

DSK estava conduzindo as reformas no FMI. Havia conseguido alterar o peso dos votos dos países emergentes, promovendo maior equilíbrio em relação aos votos da UE. Estava trabalhando para que seu sucessor fosse um representante dos países emergentes.

Sua saída precipitou as eleições e reconduziu ao posto uma europeia, a francesa Christina Lagarde, liberal dura, ministra de Sarkosy e queridinha dos americanos.

Uma bela guinada à direita no FMI. E um belo retrocesso no papel dos emergentes.

Quanto ás eleições presidenciais de 2012, a maior parte dos franceses gostariam que DSK se apresentasse. As primárias socialistas devem ocorrer dia 12, mas o partido pode ser flexível e adiar a data para além do dia 18.

De qualquer forma DSK, apesar de se sair como vítima, tem uma imagem a refazer. Os aderentes do partido socialista francês acreditam que o mais prudente é Martine Aubry, presidente do partido e grande aliada de DSK, se candidatar à presidencia tendo o ex-chefe do FMI como primeiro ministro. Seria essa a dobradinha capaz de bater Sarkosy na eleição presidencial de2012.

Vamos aguardar.

Qual a cor do meu semblante?


Por Sandro Pimentel

“Para entrar na sala onde vivia tecendo e organizando sua obra, era necessário entrar no delírio organizatório do artista, respondendo-se a um enigma por ele proposto: “Qual a cor do meu semblante?”ou “De que cor você vê minha aura?””


Os que respondiam com alguma cor, qualquer que fosse, Bispo permitia ver sua obra. Houve porem uma estagiaria de psicologia com poucos mais de vinte anos, que buscando se diferenciar do paciente negou entrar em seu jogo, respondendo não vê cor alguma. Recebeu várias recusas de Bispo, em várias tentativas de aproximação do universo do paciente. Mas, normalmente, as pessoas satisfaziam a curiosidade sobre os trabalhos de Bispo e não o buscava mais. Bispo deve ter sentido um interesse mais profundo em Rosângela Maria, a estagiaria, pois ela sistematizou suas visitas, dando lhe certo sentido de temporalidade ao seu interesse. Por isso finalmente permitiu sua entrada. Bispo a aceitou.


A convivência fez com que ele, desenvolvesse um profundo sentimento, contrariando a regra médica de que os esquizofrênicos perdem a capacidade de afeto. A relação se solidifica em forma de desejo unilateral. Bispo consegue um relógio, que não funciona, e passa a manipulá-lo, na esperança de que assim a estagiaria apareça. Ela lhe explica que não basta seu desejo para que as coisas aconteçam, ele começa a lhe dar dicas de como gosta que uma mulher se vista, e a demonstrar ciúmes dos seus outros pacientes. Passa também a tomar banho e a se pentear para esperá-la.


“A presença obsessiva do nome dessa mulher na obra de Bispo chega à expressão de uma confissão profunda do artista, quando escreve: “Diretora de tudo eu tenho.” Coloca-a como alter-ego em sua diária tarefa de organizar o mundo por meio dos objetos de sua realidade asilar.”


A convivência durou cerca de dois anos. O processo de separação foi dramático. Em certa ocasião, pressentindo a despedida, Bispo trabalha uma cadeira com rodinhas, com várias correntes. Diz a Rosângela ser seu trono, pede que ela sente-se nela e começa a movimentá-la com fúria. Ela explica que ele não poderá acorrentá-la a ele, que esteve ali para arrebentar suas correntes. A experiência faz surgir à obra “O trono acorrentado”.


Mas sua mais bela obra para Rosângela, ela só veria na penúltima sessão com Bispo: Ele fechou a grade da sua sela no Juliano Moreira e a levou ao quarto. Tentou fechar também essa porta, o que ela não permitiu. E ai no quarto estava “A cama para Romeu e Julieta”, uma cama com dossel e enfeites de cordões coloridos. Ao saber o nome da cama, Rosângela lhe perguntou se ele sabia como terminava Romeu e Julieta? Ele respondeu que só queria representar (...) “eu aceito, eu sei que você vai embora. Você pode ir embora”


Voltaram a se ver sete anos depois, quando Bispo resolver ficar sem se alimentar para torna-se transparente. Depois do encontro ele voltou a produzir e até sua morte não permitiu que lhe prestasse quaisquer cuidados terapêuticos.


Fonte: Arthur Bispo do Rosário arte e loucura de Jorge Anthonio e Silva.
Cama de Romeu e Julieta. Sem data. Madeira, tecido e colçhão de capim. fonte: catálago Imagens do inconsciente, 2000.


até mais de Abade para Bispo.