segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Os jogos Pan Americano e o silêncio da velha mídia

Foi vergonhosa a cobertura dos jogos Pan Americano pela velha mídia.

Acamada, pude assistir a completa e excelente cobertura dos jogos pela TV Record. Nunca ouvi tantas vezes seguidas o nosso Hino Nacional. 

Os jogos foram um sucesso para o Brasil. Mostrou o quanto melhorou a qualidade de nossos atletas. O Brasil ficou com o honroso segundo lugar, no total de medalhas, perdendo só para os EUA, e disputou até o fim o segundo lugar em ouro com Cuba, tradicionalíssima em esportes, e ultrapassou o Canadá. Outro tradicional ganhador de ouro. 

Foram 136 medalhas no total, sendo 48 de ouro. Um avanço considerável em relação aos jogos anteriores. Mas a mídia preferiu o silêncio sobre o assunto. 

Afinal, o que é bom para o Brasil não é bom para  a velha mídia. 

Em um total desrespeito aos nosso bravos atletas a mídia ignorou os jogos. A disputa final do vólei entre Cuba e Brasil ocorreu tarde da noite. No dia seguinte abri os jornais para ver o resultado. 
Fiquei pasma. Nada nas manchetes sobre o jogos. Abri o caderno de esporte. Só dava Corinthians, Portuguesa, etc., ou seja, o velho e maribundo futebol, sustentado pela velha FIFA e pela aliada de todos instantes, a  Rede Globo. 

Será que se a cobertura dos Jogos Pan Americano tivesse sido realizada pela Globo, nossos atletas medalhados teriam direito às primeiras páginas, que fosse do caderno esporte? Certamente sim. 

Mas venceu a ignorância e a mesquinhez da velha mídia. Por interesses esdrúxulos preferiram boicotar os nossos 136 atletas de ganharam medalhas em Guadalajara.

Os atletas estavam muito à vontade. Felizes, participavam de brincadeiras disputando jogos com os jornalistas da TV. Um clima realmente descontraído.

Claro, tanto sucesso é de dar inveja para os outros órgãos de comunicação. 

A Democracia no Brasil se fortalece, mas está longe de atingir a mídia em geral, que continua nas mãos dos poucos mesmos. Tal como o Congresso Nacional, é urgente começar uma faxina na mídia nacional. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Dr. Lula e a elite brasileira


 O artigo do Sr. Ricardo Velez Rodriguez, publicado no jornal O Estado de São Paulo, criticando o título de Dr. Honoris Causa concedido ao ex-presidente Lula, pelo Instituto de Ciências Políticas de Paris, foi extremamente deselegante com uma das mais importantes instituições Francesas, da Europa e, com certeza, do mundo.  

O artigo peca por total falta de compostura científica, quando chama o Instituto de Ciências Políticas de Paris, de “casa de estudos” e total falta de desrespeito ao diretor da Instituição e seus membros, que, por unanimidade, concederam o título ao ex-presidente brasileiro, quando diz que o título “ou é uma boa piada ou fruto de tremenda ignorância”.

Ignorância? Dos cientistas do Sciences Po?  De quem é a tremenda ignorância?

Talvez seja necessário esclarecer que Sciences Po forma a elite intelectual francesa, da qual saem muitos presidentes e ministros de Estado. A seleção para entrar no Science Po é das mais rigorosas e é preciso apresentar boletim escolar com as melhores notas, desde a maternal.   

O Sr. Velez Rodriguez assina como Coordenador do Centro de Pesquisa Estratégica da Universidade de Juiz de Fora. Não disse sua formação ou especialidade em pesquisa. Mas a falta de rigor e o tom, francamente panfletário, do seu texto indicam a distância cultural do pesquisador de Juiz de Fora com a Instituição de Paris.

Terminado o artigo, pensei comigo mesma. Este é um artigo de cunho político e não científico. Sinceramente, o coordenador teria poupado, em muito, a sua Instituição se não tivesse associado seu nome a ela.

Uma presepada da qual o Centro de Pesquisa Estratégica da Universidade de Juiz de Fora poderia ter se passado. Como dizia minha mãe, para que tanto estudo?  

O diretor do Sciences Po, Richard Descoings, já havia enfrentado o provincianismo de certa categoria de brasileiros, ao conceder entrevistas aos correspondentes da mídia nacional.

A jovem correspondente do Jornal O Globo, chegou a questionar Descoings  do por que atribuir o premio ao Lula e não ao FHC. Um vexame! Elegante e culto FHC tem familiaridade com a Intelectualidade francesa e, com certeza, deve ter se sentido muito constrangido.

Outras questões, igualmente fora de propósito, foram feitas pelos jornalistas brasileiros, como, por exemplo, se o título fazia parte da política da instituição francesa de discriminação positiva.

Imagine! Os franceses cultos e cheios de espírito se deliciaram com ironias. A descompostura da mídia brasileira foi muito comentada  na França e foi notícia nos jornais da Argentina.  

Não se iludam, Jamil Chade, Sílio Bocanera  e o saudoso Reali Júnior são das raras exceções, entre os correspondentes nacionais, que conseguem entrevistar pessoas de alto nível cultural sem causar vexame e desconforto, pelo pouco aprofundamento ou mesmo conhecimento dos temas  tratados.

Já os franceses, como muitos brasileiros vivendo na França, têm na memória o período antes de Lula, quando o Brasil só aparecia na imprensa francesa associado às crianças de rua e à reputação de puta de suas mulheres.

Era uma imagem triste e difícil de ser revertida pelos expatriados brasileiros, por mais que lutassem por isso.

Foi da noite para o dia, com a chegada do então ministro das relações exteriores Celso Amorim, que as telas dos cinemas e da televisão francesa foram inundadas com publicidade associando o Brasil ao desenvolvimento, focando na indústria, com a Embraer, e na agricultura, com nossos vastos campos cultivados. Da noite para o dia os franceses começaram a falar em celeiro do mundo, se referindo á agricultura do Brasil.

Quem não tinha votado em Lula, logo reconheceu seu valor enorme na mudança da imagem do Brasil. Esse é um exemplo da política externa de Lula. Outra, de grande efeito, foi o pagamento da sua dívida com o FMI e o Clube de Paris. Sem falar no comércio que desenvolveu com os países do cone sul, muito útil nessa crise dos países ricos.  

O Francês também sabe que uma das causas profundas da desigualdade social no Brasil é o conservadorismo e o preconceito ostentado por suas elites, tão bem representados pelo Sr. Velez Rodriguez.  De fato, um dos maiores problemas da oposição brasileira não são seus líderes políticos, mas os seus eleitores, e sem dúvida o sr. Velez Rodrigues é um deles.

Dalva Teodorescu
São Paulo Capital

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Universidade espanhola concede título de doutor a Lula

Deu na Folha On Line 


06/10/2011 - 18h13

DA EFE, NA ESPANHA


O Conselho de Governo da UIMP (Universidade Internacional Menéndez Pelayo) aprovou nesta quinta-feira (6) a concessão do doutorado honoris causa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reconhecimento a seu "papel fundamental" na erradicação da pobreza e na luta pela democracia.

Em comunicado, a UIMP destacou que após assumir a presidência do Brasil, Lula tentou erradicar a pobreza, impulsionou a criação de empregos, investiu em programas sociais e cortou as taxas de juros.

Na política externa, o ex-presidente nascido em 1945 e fundador do PT em 1980 buscou o reconhecimento internacional e assinou vários acordos, defendeu a Amazônia e reivindicou para o Brasil um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O comunicado lembra também do segundo mandato de Lula, quando ele se centrou no Mercosul, na Unasul (União de Nações Sul-Americanas), e no Grupo do Rio, embora tenha mantido uma boa relação com os Estados Unidos e a União Europeia.

A UIMP acrescentou que o ex-presidente, também agraciado com o prêmio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional e o prêmio pela Paz da Unesco, alcançou níveis de popularidade inéditos, reconhecimento internacional, uma significativa redução da pobreza, e a realização dos jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016.

A cerimônia de entrega do prêmio será no próximo verão, no Palácio de La Magdalena de Santander.
Além de Lula, a UIMP também concederá o doutorado honoris causa ao jornalista espanhol Iñaki Gabilondo por sua defesa da liberdade de expressão, que, de acordo com o comunicado da universidade, se reflete em uma aposta constante em um jornalismo de qualidade e no seu compromisso com a informação.

A soprano espanhola Montserrat Caballé, o cardiologista espanhol Valentín Fuster e a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet são alguns dos doutores honoris causa da UIMP.