quinta-feira, 30 de junho de 2011

Wikileaks: Serra pediu ajuda dos EUA contra o PCC quando era governador

DO SITE OPERAMUNDI



29/06/2011 - 09:19
Daniel Santini/Agência Pública
São Paulo

Assim que assumiu o poder como governador de São Paulo, em janeiro de 2007, José Serra (PSDB) foi procurar o embaixador dos Estados Unidos no Brasil Clifford M. Sobel para pedir orientações sobre como lidar com ataques terroristas nas redes de metrô e trens, atribuídos por membros do governo paulista ao PCC (Primeiro Comando da Capital). O encontro foi o primeiro de uma série em que, como governador buscou parcerias na área de segurança pública, negociando diretamente com o Consulado Geral dos EUA sem comunicar ao governo federal. As informações são da Agência Pública.

As informações constam em documentos da diplomacia norte-americana vazados pelo Wikileaks. Os despachos, classificados como "sensíveis" pelo consulado, também revelam a preocupação do então governador com o poder do PCC nas prisões. Após tomar posse como governador, a primeira reunião de Serra com representantes norte-americanos, realizada em 10 de janeiro de 2007, é descrita em detalhes em um relatório no dia 17.

Na conversa, que durou mais de uma hora, Serra apontou a segurança pública como prioridade de seu governo, em especial na malha de transporte público, disse que o Estado “precisava mais de tecnologia do que de dinheiro” para combater o crime e indagou sobre a possibilidade de o DHS (Departament of Homeland Security) treinar o pessoal da rede de metrô e trens metropolitanos para enfrentar ataques e ameaças de bombas.

Semanas antes, três bombas haviam explodido, afetando o sistema de trens, conforme noticiado à época. Em 23 de dezembro de 2006, um artefato explodiu próximo da estação Ana Rosa do Metrô. No dia 25, outra bomba foi detonada dentro de um trem da CPTM na estação Itapevi, matando uma pessoa, e uma segunda bomba foi encontrada e levada para um quartel. Em 2 de janeiro de 2007, um sargento da Polícia Militar morreu tentando desarmar o dispositivo.

Segundo o documento diplomático, “membros do governo acreditam que o PCC pode ser o responsável pelos episódios recentes”. O secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, chegou a entregar uma lista com questões sobre procedimentos adotados nos EUA e manifestou interesse em conhecer a rotina de segurança do transporte público das cidades de Nova York e Washington.

Também participaram desse primeiro encontro o chefe da Casa Civil Aloysio Nunes Ferreira, o secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, o secretário de Transportes, Mauro Arce, o coordenador de segurança do Sistema de Transportes Metropolitanos, coronel Marco Antonio Moisés, o diretor de operações do Metrô Conrado Garcia, os assessores Helena Gasparian e José Roberto de Andrade.

Parceria estabelecida

As conversas sobre as possíveis parcerias entre o governo de São Paulo e os EUA na segurança da rede de metrô e trens metropolitanos continuaram na semana seguinte, quando Portella se reuniu com o cônsul-geral em São Paulo, o adido do Departamento de Segurança Interna dos EUA (Departament of Homeland Security – DHS) no Brasil e o responsável por assuntos políticos do consulado. O encontro aconteceu em 17 de janeiro de 2007 e foi relatado em relatório no dia 24.

Acompanhado do secretário adjunto de segurança pública, Lauro Malheiros, e de outras autoridades da área, Portella falou sobre as dificuldades encontradas pelo Metrô em garantir a segurança da rede e informou sobre a tragédia ocorida nas obras da estação Pinheiros, dias antes (12 de janeiro de 2007), quando um desabamento provocou a morte de sete pessoas. No relatório, os representantes norte-americanos destacam que a linha amarela é a primeira Parceria Público-Privada do Brasil e que o projeto foi lançado em meio a uma "grande fanfarra".

Portella falou sobre os episódios anteriores de bombas e ameaças no metrô e “respondeu a uma série de questões preparadas pelo adido do DHS sobre a estrutura da rede” e disse que, depois que as inspeções foram reforçadas por causa das ameaças de bomba, mais pacotes suspeitos foram encontrados, e que até mesmo “um saco de bananas ou de roupa suja” preciam de ser examinados, o que provocava atrasos e paralisações no metrô.

Novamente o PCC é mencionado: “Autoridades acreditam que a organização de crime organizado PCC pode ser responsável pelos ataques e relatam a prisão de um membro do PCC responsável pelo assassinato de um juiz em 2002”. No final, Portella designou, então, o coronel da Polícia Militar José Roberto Martins e o diretor de Segurança do Metrô Conrado Grava de Souza para dar continuidade à parceria proposta.

Itamaraty

Nos meses seguintes, Serra voltou a se encontrar com representantes dos EUA e insistir em parcerias para lidar com o PCC. Em 6 e 7 de fevereiro, conversou com o subsecretário de Estado dos EUA para Negócios Políticos, Nicholas Burns. De acordo com relatório de 1º de março de 2007, falou no encontro sobre a “enorme influência” que a organização tem no sistema prisional no Estado e pediu ajuda, incluindo tecnologia para “grampear telefones”.

Sua assessora para assuntos internacionais Helena Gasparian agradeceu a assistência na questão da segurança nos transportes públicose afirmou que a participação dos EUA foi “imensamente útil”.

Diante da sugestão de novas parcerias, o subsecretário Burns e o embaixador Sobel ressaltaram que seria importante obter aprovação do governo federal e destacaram que o Ministério de Relações Exteriores, o Itamaraty, “é às vezes sensível quanto a esses assuntos”.

O relatório afirma que “o governo estadual talvez precise de ajuda para convencer o governo federal sobre o valor de ter os EUA trabalhando diretamente com o Estado”. Serra disse que ele gostaria de falar com a mídia sobre a necessidade dessa ajuda.

Questionado pela agência Pública sobre esses relatórios, o professor Reginaldo Nasser, especialista no estudo de relações internacionais, de segurança internacional e de terrorismo da PUC-SP, criticou a postura dos governador Serra e disse que acordos deste tipo devem ser intermediados pelo Itamaraty.

“Os EUA têm pressionado o Brasil para colocar terrorismo no Código Penal e o país até agora resistiu. Este tipo de acordo é uma relação de Estado para Estado e precisaria passar pelo governo federal”, explicou, destacando que, desde os ataques de 11 de Setembro, os EUA assumiram uma postura de polícia internacional. “Agentes agem com ou sem autorização em outros países, prendem, torturam e assassinam”, diz.

A assessoria de imprensa do Itamaraty disse que ninguém se posicionaria sobre as revelações dos documentos. Procurado por meio de sua assessoria, o ex-governador José Serra não retornou o contato da reportagem.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

União Europeia passou os bancos antes do povo para tirar a Grécia da crise.

Por Dalva Teodorescu

O Parlamento Grego aprovou hoje o plano de austeridade fiscal para ajudar a Grécia a sair de uma das piores crises econômicas da sua história recente.

O plano prevê diminuição dos salários e aposentadorias,  demissões de 150 mil funcionários públicos, aumento de impostos e privatizações de empresas e portos.

Em meados de junho o Primeiro ministro George Papandréou, propôs um governo de união nacional, um acordo entre os dois principais partidos, para tirar a Grécia da crise.

George Papandréou compôs um novo governo que obteve o voto de confiança do parlamento para fazer as reformas exigidas pela União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu.

Reformas necessárias para o FMI liberar a quinta parcela do empréstimo de 110 milhões de Euros e elaborar um novo empréstimo previsto para o ano de 2012.

Centenas de manifestantes ocupam as ruas há mais de um mês para protestar contra o plano. Ontem e hoje houve greve generalizada e os " indignados",  movimento que nasceu com as manifestaçoes tentaram pela segunda vez invadir o Parlamento.

A crise econômica abriu também uma crise política. A maior parte dos deputados do partido socialista (Pasok), partido do Primeiro Ministro, é contra as medidas, mas acabaram votando a favor por pressão do governo.

Sem o empréstimo a Grécia entraria em falência o que geraria uma grave crise em toda a zona do Euro.

Mas o povo grego rejeita um plano que visa antes de tudo salvar os bancos estrangeiros e a EU e não o povo grego. O que é reconhecido por vários economistas.

Em 2009 a Grécia demonstrou os primeiros sinais de suas dificuldades financeiras com uma grande dívida pública e privada, baixa competitividade, e déficits dos pagamentos.

Diante dessas dificuldades, a União Europeia propôs um plano de ajuda, na verdade um empréstimo com juros de 3% a 4% maior do que os pagos pela Alemanha. Exigiu ainda a execução de um plano de austeridade que provocou a diminuição dos salários em 4,5% em 2010.

O plano foi um desastre. Pagando altos juros, a Grécia se endividou ainda mais e quem pagou foi o povo grego.

Em artigo publicado no Jornal Inglês The Gardian, o professor de economista Costas Lapavitsas afirma que provavelmente a Grécia se sairá melhor da crise não pagando sua dívida e abandonando o Euro.

A zona do Euro criou uma lacuna entre os países ricos (França e Alemanha) e os países mais pobres da Europa, afirma o The Gardian. Para estes, participar da União Econômica e Monetária, que forma a Zona do Euro, tem sido motivo de estagnação e de desigualdade de renda.

O exemplo da Grécia só faz reforçar essa constatação.

Diante de tudo isso é impossível não pensar na vizinha Turquia, que durante décadas pleiteou entrar na EU e foi sempre rejeitada, inclusive pela Grécia, sua rival histórica. A alegação era que somente parte de Istambul fica na Europa.

Cansada de mendigar a Turquia resolveu seguir sua própria economia e hoje é um dos países emergentes que ocupa um lugar de destaque na economia global, com uma taxa de crescimento em torno de 9%.

Os gregos devem olhar para seus vizinhos com inveja e os turcos para a turbulência grega com enorme alívio de não ter entrado na EU.

A União Europeia foi pouco democrática e pouco solidária ao passar os bancos antes do povo para tirar a Grécia da crise.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Manchetes contraditórias opõem Estadão e Folha

Por Dalva Teodorescu

Hoje, os dois principais jornais de São Paulo, O Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo, publicaram manchetes opostas sobre o mesmo assunto: o Regime Diferenciado de Contratação.

No Estadão: Dilma Manda base aprovar sigilo em todas as licitações.

Na Folha: Dilma volta atrás e abre orçamento de obras da Copa.

A Folha está atrasada no mínimo 10 dias sobre o tema. Há mais de uma semana que o Estadão vem informando sobre o Regime Diferenciado de Contratação para a Copa e a Olimpíada e anunciando que a Presidente quer generalizar o modelo de concorrência para todas as licitações de obras públicas.

A proposta foi elaborada com o TCU (Tribunal de Contas da União) e busca substituir a atual lei de licitações considerada inadequada por facilitar práticas de corrupção.

A Folha preferiu rejeitar a ideia e denunciá-la como tentativa do governo esconder os preços. Denúncia sustentada pela oposição e pelas empreiteiras que viram seus interesses ameaçados.

Agora, diante do consenso que o RDC é inovador a Folha tenta se recuperar dizendo que Dilma voltou atrás.

Foi a Folha que voltou atrás e sua contradição foi estampada na duas manchetes que se opõem.

O Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, e o presidente do Senado, José Sarney, também condenaram o RDC de início, mas reconheceram não ter lido a proposta antes e voltaram atrás.

O Jornal não consegue assumir que falhou por não ter lido a proposta antes de criticá-la ou simplesmente por defender as empreiteiras, que são contra a mudança da lei de licitação.

De qualquer forma, a Folha ficou mal na foto.

Resposta de Suzana Singer Ombudsman da Folha de São Paulo

Por Dalva Teodorescu


Eviei um e-mail a Suzana Singer, Ombudsman da Folha de São Paulo, expressando minha preocupação com a cobertura pouco informativa e pouco objetiva que o Jornal vem dando ao debate sobre o Regime Diferenciado de Contratações, para agilizar as obras da Copa de 2014 e das olimpíadas de 2016.

Publico aqui sua resposta para mim reconfortante. Realmente nesse assunto a Folha parece ter tomado partido a favor das empreiteiras e não dos interesses do país.

Cara Dalva,


Você tem razão quando diz que a Folha expõe praticamente apenas uma versão, a de quem é contra mudar a lei de Licitações. Cobrarei isso da Redação. Obrigada por escrever.

Atenciosamente,
Suzana Singer
Ombudsman - Folha de S.Paulo
Al. Barão de Limeira, 425 - 8o. andar
01202-900 - São Paulo - SP
Telefone: 0800 0159000
Fax: (11) 3224-3895
ombudsma@uol.com.br
http://www.folha.c/
om.br/ombudsman/

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Lá como aqui a população não aguenta mais a relação entre mídia e política nacional.

Por Dalva Teodorescu


Uma pesquisa realizada junto à população dos EUA revela que os americanos não suportam mais tanta violência e incivilidade na política do país. Junto com a incivilidade no trânsito a violência das campanhas eleitorais é apontada como preocupante.

A população americana atribui essa violência aos jornalistas. A mídia seria a principal responsável porque instigadora da incivilidade nas disputas partidárias.

A informação foi dada por Caio Blinder no jornal da manhã da rádio Jovem Pan e o correspondente de Nova York deu grande destaque a essa informação, como se fosse uma surpresa.

Nós brasileiros também estamos cansados do nosso Congresso Nacional onde a maior parte dos parlamentares ocupa seu tempo com fofocas, politicagem por exigência de cargos em comissões internas e em empresas públicas.

A política é uma profissão dificílima e tem que ser respeitada. Nos países de democracia consolidada existem debates sobre o quanto é árdua a missão de um político sério.

Todos os homens e mulheres que entram para a política não o fazem para enriquecer e para legislar em causa própria e muitos acreditam sim que podem contribuir para um Brasil melhor.

Mas no caso do Congresso Brasileiro a maioria é constrangedora. O que se vê na Câmara e no Senado é um bando de homens criando caso por picuinhas, ao invés de apresentar projetos consistentes que melhorem a vida dos brasileiros.

A mediocridade do nosso congresso vai de par com o comportamento de grande parte dos órgãos de imprensa.

Se a imprensa não se alimentasse cotidianamente das notinhas e fofocas enviadas pelos congressistas e não cedesse tanto espaço para suas chantagens escandalosas, certamente os parlamentares iriam se comportar de maneira mais responsável.

Como a população americana, o brasileiro não suporta mais essa relação de promiscuidade perigosa entre imprensa e incivilidade política.

Muita coisa mudou para melhor no Brasil, nesses últimos anos. Só a imprensa e o congresso permanecem com seus antigos vícios.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Por um debate honesto e objetivo sobre o Regime Diferenciado de Contratações

Por Dalva Teodorescu


Não está havendo uma cobertura abrangente, objetiva e informativa por parte de órgãos de imprensa, sobre as normas do Regime Diferenciado de Contratações para agilizar as obras da Copa de 2014 e das olimpíadas de 2016.

Exceção tem sido o Jornal O Estado de São Paulo e o Jornal da TV Brasil que têm trazido matérias esclarecedoras sobre o assunto.

Entretanto, reportagens da Folha de São Paulo e dos jornais de TV como o de Heródoto Barbeiro da Rede Record, REDE TV News e Globo News, são verdadeiras colchas de retalhos de notas, fofocas e trechos descontextualizados de entrevistas.

Ainda que o leitor e o telespectador façam esforços é impossível entender o que de fato se passa na política nacional.

O governo preparou o Regime Diferenciado de Contratações com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU).

O sigilo sob o Valor de Referência das obras e serviços contratados na licitação evita que as empresas combinem preços entre si. O valor do orçamento é revelado no final leilão. Não existe cláusula que permita manter o valor das obras e serviço sob sigilo.

Trata-se de uma proposta inovadora recomendada pelo Banco Mundial e apoiada na experiência de países da União Europeia, que pode servir de piloto para revisão da legislação atual de licitações, consensualmente inadequada, e que deve ser considerada com seriedade e objetividade.

Não é o que se depreende das reportagens que tentam defender uma única posição em apoio a interesses não explícitos, impedindo o debate honesto sobre a proposta.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Lula ganha prêmio internacional por contribuir no combate à fome

21/06/2011 - 15h13


DA REUTERS

Da Folha On Line

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi nomeado nesta terça-feira vencedor do prêmio World Food Prize, concedido a personalidades que deram contribuição relevante no combate à fome no mundo, informou a fundação que concede o prêmio, sediada no Iowa, Estados Unidos.

O ex-presidente de Gana John Agyekum Kufuor também recebeu o prêmio.

Segundo comunicado da World Food Prize Foundation, Lula foi escolhido por antecipar as Metas do Milênio da Organização das Nações Unidas ao garantir que 93% das crianças e 82% dos adultos façam três refeições por dia.

A fundação também destacou programas sociais do governo Lula, como Fome Zero, Bolsa Família, Mais Alimentos, e o programa de aquisição de alimentos para merenda escolar.

"Ao longo dos oito anos de sua administração, o comprometimento e a visão do presidente Lula da Silva conseguiram reduções dramáticas na fome, na pobreza extrema e na exclusão social, melhorando grandemente a vida do povo brasileiro", afirmou a fundação.

Em comunicado divulgado pelo Instituto Cidadania, fundado por Lula, o ex-presidente comemorou a escolha.

"Eu estou emocionado de saber que o Brasil foi escolhido como um país que conseguiu boas políticas na área da agricultura e combate à fome", disse Lula.

"O Brasil tem muito a mostrar na área de segurança alimentar. E nós queremos compartilhar nossa experiência com outros países, especialmente da África e os países mais pobres da América Latina", completou.

O instituto lembrou que a premiação para Lula vem em um momento em que o Brasil patrocina a candidatura de José Graziano para chefiar a FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação).

Graziano foi ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate a Fome no início do primeiro mandato de Lula, e o ex-presidente publicou artigo na edição de domingo do jornal inglês "The Guardian" em que defende o nome de Graziano para o posto.

A eleição do novo diretor-geral da FAO será feita durante o próximo congresso da entidade, que vai de 25 de junho a 2 de julho na sede da organização, em Roma.

O World Food Prize foi criado em 1986 pelo cientista norte-americano Norman Borlaug, responsável pela chamada "Revolução Verde" e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1970.

Além de Lula, outros dois brasileiros já foram agraciados com o prêmio: o pesquisador aposentado da Embrapa Edson Lobato e o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, que receberam o prêmio em 2006 por terem contribuído para transformar o Cerrado numa região fértil para a agricultura.

A mídia e o escândalo dos plantões fantasmas no governo PSDB

Por Dalva Teodorescu


A maneira como os órgãos da mídia, imprensa escrita, TV e Rádio noticiam a prática de plantões fantasmas nos hospitais públicos do estado de São Paulo só faz confirmar a política de dois pesos e duas medidas em suas denúncias.

É bom lembrar que o escândalo de corrupção envolve os precários Hospitais Públicos do Estado de São Paulo, governado pelo PSDB há quase 20 anos.

O caso está sendo amplamente divulgado pela mídia, mas nunca foi manchete de capa e em momento algum foi associado à sigla tucana PSDB.

Por que será?

O escândalo já derrubou duas autoridades do alto escalão do governo Tucano como o Secretário de Esportes, Lazer e Lazer e Juventude, o neurocirurgião Jorge Pagura e o Coordenador da Saúde de São Paulo, Ricardo Tardelli.

O possível envolvimento de Pagura e Tardelli no escândalo foi revelado em conversas telefônicas com o ex-diretor do Centro Hospitalar de Sorocaba, Ricardo José Salim, suspeito de liderar o esquema que já levou 13 pessoas á prisão.

Geraldo Alckim aparece nas reportagens reconhecendo a gravidade das denúncias e prometendo criar uma Controladoria Geral do Estado, além de uma auditoria nos hospitais estaduais.

Tudo muito polido, sem grandes questionamentos nem alvoroço. Como se deve em terras civilizadas.

Revelado pela operação Hipócrates, o suposto esquema de desvios de recurso para pagamento de plantões médicos jamais realizados, estaria concentrado no Hospital de Sorocaba, mas envolve várias unidades hospitalares do estado de São Paulo.

A fraude dos plantões fantasmas teria custado aos cofres públicos R$1,8 milhões.

As suspeitas de corrupção, revelada por escutas telefônicas, atingiriam também aquisições de equipamentos e material cirúrgico e contratos de obras e serviços discutidos com empresários antes da publicação do edital.

É mais um grave escândalo envolvendo o governo do PSDB paulista, mas como no caso Alstom, a velha mídia procedeu a uma diabólica dissociação entre as acusações de corrupção e o PSDB.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

UM ARQUITETO PAULISTA EM CURITIBA

Por Paulo S. L. F. Silveira *


A arquitetura como expressão espacial da forma e conteúdo desenha a cidade nos seus mais diversos aspectos.

Nos textos críticos de Arquitetura sempre a busca de uma “Arquitetura com Identidade” é colocada como um fenômeno vivencial que vai sendo criado no dever social: daí que quando a atitude de “afirmação cultural” floresce em uma sociedade, é possível que cada arquiteto, ao enfrentar sua tarefa caso a caso, vá resolvendo integralmente seu problema arquitetônico.

O oposto dessa atitude, o que chamamos de uma atitude de “alienação cultural” é quando o arquiteto disfarça o edifício como “neoclássico”, por exemplo, negando sua própria realidade em vez de tirar partido estético das características locais exigidas por uma realidade coerente.

Muito me surpreendeu em Curitiba nas diversas visitas que venho fazendo no decorrer desses últimos dois anos a qualidade do espaço urbano que obviamente é complementado pelo bom desempenho do desenho arquitetônico dos seus edifícios.

Numa visão abrangente dos edifícios percebemos a preocupação dos arquitetos curitibanos em projetar suas obras tendo sempre em mente uma atitude de identidade cultural seja na generosidade espacial que a cidade oferece, seja com um aprendizado contínuo desenvolvido através da evolução social, mas que teve início provavelmente nos bancos das faculdades de arquitetura locais, daí a importância fundamental do ensino de arquitetura.

Ao contrário da cidade de São Paulo onde floresce a alienação cultural, pois o mercado exige fachadas neoclássicas que envelopam espaços contemporâneos, estabelecendo uma esquizofrenia total entre forma e conteúdo, Curitiba se coloca na vanguarda na atitude arquitetônica com pouquíssimos exemplos dessa arquitetura alienada.

Em Curitiba vemos bons exemplos de arquitetura quando percorremos a cidade. Eles não estão concentrados em locais de alto poder aquisitivo, e sim espalhados por todo o tecido urbano, dando um uso altamente democrático do bom desenho e da boa harmonia espacial contribuindo muito com a qualidade da vida urbana.

É evidente que o padrão cultural da cidade com seus museus, teatros, bibliotecas, centros culturais, influencie muito como agente social, a visão do mercado, fortalecendo arquiteturas com identidade, não deixando que o mau desenho estabeleça padrões.

No processo de criação estamos todos envolvidos: os arquitetos que projetaram os edifícios, os habitantes e os que viabilizaram sua realização - afinal, os edifícios não se constroem por si mesmos.


*Paulo S.L.F. Silveira é Arquiteto e Urbanista.

O escândalo do caso Alstom

Por Dalva Teodorescu


Na semana passada a imprensa anunciou discretamente que a empresa francesa Alstom obteve um contrato com a brasileira Brasventos de 200 milhões de euros (US$ 288 milhões ou R$ 457 milhões) para instalar e fazer a manutenção de três parques eólicos no Estado do Rio Grande do Norte.

O contrato prevê a produção de 580.000 MWh anuais, o que pode garantir o fornecimento de energia elétrica para mais de 100 mil casas, e reduzir ao mesmo tempo as emissões de CO2 em 300 mil toneladas por ano.

A empresa francesa é um dos maiores grupos do mundo em infraestruturas de produção e transmissão de energia elétrica e de transporte ferroviário e vai gerenciar o maior projeto eólico no Brasil.

Tudo isso é fantástico.

O Problema é que a Alstom está envolvida em uma série de denúncias de pagamento de propina a vários políticos do PSDB de São Paulo. As suspeitas de corrupção envolvem licitações do metrô de São Paulo e da Eletropaulo e foram divulgadas pela mídia internacional como o Wal Street Journal e o Der Spiegegel.

O escândalo do caso Astom nunca foi manchete nos principais jornais brasileiros, embora tenha sido matéria de capa da Revista Veja. O Jornal O Estado de São Paulo publicou informações sobre as acusações no Caderno de Economia e Negócios e a Folha de São Paulo relatou o caso algumas vezes, mas nunca em matéria de capa. Na maior parte das vezes essas matérias falavam de “propinas a políticos brasileiros ou políticos paulistas”, raramente os associando ao PSDB de São Paulo. Já o Jornal Nacional da rede Globo, dois meses depois do NYT ter relatado o escândalo, noticiou o fato dizendo que era uma denúncia do PT.

Fiquei Pasma com a audácia porque a denúncia veio dos órgãos da imprensa internacional e está sendo tratado pelo Ministério Público da Suíça.

De acordo com documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo Ministério Público da Suíça, no período de 1998 e 2001 “pelo menos 34 milhões de francos franceses (6,8 milhões de dólares) teriam sido pagos em propinas a autoridades governamentais do Governo do Estado de São Paulo e a políticos paulistas”, para obter um contrato de 45 milhões de dólares na expansão do metrô de São Paulo.

O Ministério da Justiça do Brasil está investigando o caso há quase 3 anos e examinando 139 contratos assinados entre a Alstom e o Governo do Estado de São Paulo nos últimos anos, num valor total de 4,6 bilhões de dólares.

Na época da negociação e da assinatura dos contratos de consultoria quem dirigia a Secretaria de Energia de São Paulo, responsável pela Eletropaulo, era o ex-genro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, David Zylbersztajn, o atual Secretário de Estado da Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo e o ex secretário estadual dos Transportes e atual presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), Mauro Arce.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo, os deputados da bancada do governo de José Serra impediu por duas vezes, a instalação da CPI da Eletropaulo para que se investigasse as acusações que pesam sobre a Alston e os governos do PSDB.

Na época, em resposta a questões de jornalistas sobre a CPI, o então governador José Serra afirmou que não havia nada para se investigar. Já o governador Geraldo Alkimin nunca se pronunciou sobre o caso.

Como o caso atinge o governo vitalício do PSDB, em São Paulo, o escândalo do caso Alstom parece não ser tão importante para a imprensa. A tal ponto que a empresa ganhou nova licitação para instalar e fazer a manutenção dos parques eólicos no Estado do Rio Grande do Norte e nenhum órgão de imprensa questionou.

Vocês já imaginaram se fosse o governo do PT ou outro da base aliada que estivesse envolvido em suspeita de propinas de 6,8 milhões de dólares para obter contrato de 45 milhões de dólares.

Serai impecheman com certeza.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

ENTRE TANTAS COISAS

Por Fernando Cardoso



Viver um momento especial da vida. Vivenciar verdadeiramente o sentido da palavra amizade.  A palavra “amigo” vem legitimar esse elo forte que extravasa o sentimento e se eterniza no pensamento. Encontrar os gestos exatos que possam condecorar a relação. Ser amigo, é ter afeto pelo outro, respeito pelas escolhas do outro, e estar feliz com a alegria do outro.
Um verdadeiro amigo é aquele que entende que o outro não é você, que cada um tem sua subjetividade e isso é fundamental para o entrelaçamento e convergência de ideias e emoções.
O amigo verdadeiro não quer corrigir nossos defeitos ele simplesmente aceita nossos defeitos. Ser amigo é também ter mágoas, ficar ressentido, mas que depois de tudo, é irresistível à aproximação, pois a história de amizade foi lançada quando as sementes se integraram na mesma conjunção.

E é bom lembrar que uma história nem sempre é construída de flores e belas paisagens, mas grandes amizades, muitas vezes surgem dos espinhos, de momentos imperfeitos, pois a vida é isso. A vida é um fluxo de linhas tortas, subidas, descidas e loopings intensos.
Nessa fluvial de emoções e pensamentos que percorre o espetáculo ENTRE TANTAS COISAS, com texto e direção do talentoso Humberto Gomes que pesquisa há cinco anos espaços alternativos de encenação, em seus trabalhos anteriores apresentou em, quarto de hotel, escada de incêndio, em ervanário e até mesmo em elevador. Neste espetáculo que teve sua estréia no Festival de Curitiba ele apresenta o musical em um bar. Soltos em uma pista de dança, os personagens vão revelando seus âmagos.

Pautado com músicas, o espetáculo narra de maneira precisa e fragmentada, a história de cinco amigos que após anos de distanciamento se reencontram. Com uma nuance em tempo psicológico a narrativa segue e nos mostra as latências dos sentimentos e pensamentos humanos. Paixões, rancores e ciúmes são trazidos à tona, revelando fatos passados, marcando o momento presente e fecundando o futuro porvir.
Assim como Humberto acredita que o espaço alternativo coloca o público como voyeur da ação estreitando a analogia com a temática e os conflitos dos personagens, muitos diretores contemporâneos vêm desenvolvendo este tipo de linguagem dramatúrgica. E o público costuma sair satisfeito após a experiência. Particularmente falando de ENTRE TANTAS COISAS, emociona do começo ao fim, causando emoções antagônicas que são niveladas no percurso das cenas.
Além de músicas originais, compostas por Jr. Pereira que também assina a direção musical, também são usadas músicas do cenário pop musical, reverberando como um grande desabafo das personagens encenadas. Funciona como a socióloga Marilena Chauí afirma que a música é a principal construtora da identidade cultural do ser humano, assim, a identificação com as personagens é imediata.
No dia a dia, cruzamos uns com os outros e os vínculos vão diminuindo. Somos mais fulanos e fulanas enfurnados nos afazeres e mergulhados dentro de nós mesmos. Com essa tônica, o espetáculo questiona a superficialidade da vida. Mostrando sonhos, desejos, insatisfações, erros e acertos na linha sorrateira do viver.
Assim essas personagens vão desnudando suas almas em uma representação única e bela. Com cenas metáforas cheias de lirismo e encanto. Como a que o Beltrano meticulosamente faz  “chover” com um frasco conta-gotas  e o elenco emoldura a ação cantando “Primeiros Erros”, é arrepiante a chuva de emoções. E assim entre fulanos, fulanas, cicranos, cicranas, beltranos e beltranas, seres que vão revelando suas idiossicracias ENTRE TANTAS COISAS.
SERVIÇO:
Texto e Direção de Humberto Gomes
Assistência de direção de Airen Wormhoudt.
Direção Musical: Jr. Pereira
Realização: Cena Hum Academia de Artes Cênicas
Elenco: Kauê Persona, Livien Ullmann, Lucan Vieira, Marisa Francisca, Rodolpho Gutierrez e Sabine Vilatorre

Quando: Última apresentação 25 de julho (sábado)
Onde: Wonka Bar - Rua Trajano Reis, 326
Bairro São Francisco, Curitiba, Paraná

Resposta da ombudsman da Folha de São Paulo

Por Dalva Teodorescu

Enviei o texto 'Um homem de gravata na cracolândia delatado pela Folha' para a Ombudsman do Jornal e recebi a seguinte resposta:


Cara Dalva,


Concordo com você. Não dá para entender a razão de publicar fotos, na capa do jornal e na internet, que permitem identificar um usuário de drogas. Se ele fosse um policial, por exemplo, haveria uma denúncia aí, mas a sequência de imagens mostra apenas um homem mais bem vestido fumando crack. Escondendo o rosto dele, o jornal obteria o mesmo efeito. A Folha pode ter ajudado a acabar de destruir a vida do cara. O jornal nunca foi a favor de criminalizar o usuário de droga.

Vários leitores já reclamaram.

Atenciosamente,

Manifestação:
ombudsman@uol.com.br



---- Original Message -----

From: Jean marc dalva

To: Painel do Leitor ; ombudsman@uol.com.br

Sent: Tuesday, June 14, 2011 8:29 PM

Subject: Um homem de gravata na cracoândia delatado pela FOLHA

José Dirceu é novo patrono da Fundação Nemirovsky

Deu na Folha On Line

17/06/2011 - 07h30


DE SÃO PAULO


José Dirceu é o novo patrono da Fundação Nemirovsky, detentora de um dos mais importantes acervos de arte moderna do país. Escolhido pelos herdeiros (filha e netos) de José e Paulina Nemirovsky, o ex-ministro terá como missão captar recursos para a instituição.

A informação é da coluna Mônica Bergamo publicada nesta sexta-feira (17) na Folha e cuja íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.

Anteontem, o ex-ministro descerrou placa na Pinacoteca em que se lê: "É através da arte que se conhece a evolução de um povo. Escolhemos José Dirceu por seu exemplo e trajetória de vida como patrono da Fundação Nemirovsky, ambos verdadeiros patrimônios brasileiros".

De 2009 a 2012: Centenário de Arthur Bispo do Rosário


quinta-feira, 16 de junho de 2011

ERRAR É HUMANO

Por Fernando Cardoso





Nós seres humanos, às vezes temos atitudes indigestas, desprovidas de significado ou não. Somos seres latentes e inquietos em busca do conhecimento. Desbravando Árvores do Bem e do Mal.
Nosso sangue jorra e o nosso coração pulula na freqüência de viver e a vida nos condiciona e a mente por vezes turva-se. Assim acontecem os nossos atos, por vezes surgem os erros. Já diz o ditado que “Errar é humano.”
Há situações que caímos na inconseqüência do momento, levados pela contradição, pela falta de percepção. E surgem os atos falhos, insubordinados, sem sentido, inesperados, improváveis e com toda a força da inquisição. Às vezes traímos a nós mesmos. Às vezes não enxergamos o que se faz claro, pois naquele instante nossos olhos estão negros.
Isso é errar. Isso é ser humano. Isso é viver. Faz parte do processo. Viver é um grande aprendizado. Acertos e erros fazem a tônica e se complementam na grande fundamentação do Cosmos. E com a cegueira daquele impávido instante tudo pode ser fatal. Assim fecundam-se diversas mazelas da humanidade. Nestes ínfimos pode surgir: a violência, a crueldade. Mas sem o Caos não há a Ordem, e vice versa. Sem o movimento natural não há vida.
Se não fosse a Grande Explosão quem sabe a Terra não existisse. Isso é movimento. Isso é evolução. Isso é revolução.
Diante do espelho afinal, quem somos? Qual é a lógica de nossa existência? Assim errantes e desbravadores nesta grande gana pelo que há de vir, há uma miscelânia de atos insanos. Na descoberta da vida por vezes erramos, e faz parte. Quantas desgraças que poderiam ser evitadas ou não? O progresso seria o mesmo?
Assim somos inteiramente humanos, como o filósofo Friedrich Nietzsche afirmou que é tudo humano, demasiado humano.
Porque somos confrontados? Porque aprendemos a sermos pequenos e não enxergamos o horizonte com a verdadeira amplitude que ele se mostra. Porque crucificamos o arco-íris da vida com matizes de sombras. Temos instintos, somos animais, essa é a natureza. Porque ultrajar a melhor parte do que somos. Onde fica nossa essência?
Que na programação da vida possamos ter erros, pois sem eles não haveriam os acertos. Sem eles não há vida. E continuemos avante sendo o que somos. Humanos, demasiados humanos.

Economia sustentável pode reduzir assassinato do povo da Floresta

Por Dalva Teodorescu



Em um mês cinco trabalhadores da floresta foram assassinados no Pará. O estado lidera o ranking de assassinatos no meio rural.

Segundo relatórios da CPT (Comissão Pastoral da Terra), das 555 mortes no campo registradas no país, nos últimos 15 anos, 231 (41,6%) ocorreram no Pará.

Entre 2000 e 2011, foram assassinados 17 trabalhadores que vivam ameaçados de morte no Pará. Hoje, cerca de 30 camponeses “jurados” vivem sob a ameaça de morte na região.

Passada a indignação coletiva com o anúncio das mortes, esquecemos a realidade desses trabalhadores e, muitas vezes, falamos desses crimes como se tivessem ocorrendo em outro país.

Um exemplo do desdém com a tragédia rural no país ocorreu quando deputados da base ruralista vaiaram o anúncio da morte do casal de extrativistas do Pará, no dia da votação do código Florestal.

É que o Pará está longe dos centros midiático e econômico do país. No entanto, essas mortes sucessivas de lideres dos povos da floresta, sindicalistas ou não, é resultado da estrutura social fundiária do Brasil e da disputa pela terra que perdura desde o tempo da colonizaçao.

Desde o fim da escravidão que se fala em reforma agrária no país para livrar milhões de brasileiros da miséria e da violência e pouco se avanço com os assentamentos.

Somente a democratização do acesso à terra e às riquezas que dela são extraída, vegetais e minerais, pode reduzir a violência no estado do Pará.

Enquanto isso não ocorrer, vastos territórios do estado do Pará e da Amazônia continuarão desprovidos de equipamentos coletivos que indiquem a presença do Estado.

A natureza não suporta o vazio e na ausência de atuação do Estado os crimes acontecem certos de que ficarão imunes, como tem acontecido.

Um estado forte precisa de Instituições fortes.

As Forças de segurança Nacional terão pouco sucesso em suas ações se não forem respaldadas em instituições jurídicas e de segurança fortes, mas também em políticas sociais e em implantação de infraestrutura que levem em conta as economias locais de seringalistas, indígenas, populações ribeirinhas e quilombolas.

É preciso considerar essas economias como de sustentabilidade da floresta e não como arcaicas e defasadas, se contrapondo ao agronegócio.

Para acabar com a violência no campo, é preciso fornecer subsídios para que essas economias se organizem e se desenvolvam, porque são elas que vão preservar o equilíbrio do meio ambiente e o homem seguro em sua terra.

STF libera Marcha da Maconha

Dalva Teodorescu



O Supremo Tribunal Federal liberou a Marcha da Maconha por unanimidade.

Mais uma vez o Judiciário avança no campo do Legislativo.

Enquanto o legislativo ocupa grande parte do seu tempo discutindo fisiologismo e disputas por poder, o Judiciário vai legislando e com frequência adequando a sociedade brasileira aos moldes das democracias modernas.

Não é o caso do Legislativo.

Se é para delegar os assuntos espinhosos ao Judiciário para que serve então o legislativo?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Risco soberano do Brasil fica abaixo dos índices dos EUA

ANA FLOR
DE BRASÍLIA
Da Folha On Line



O ministro Guido Mantega (Fazenda) comemorou hoje a queda do risco soberano do Brasil abaixo dos índices dos Estados Unidos. Em seu comentário, chegou a "tirar onda" com o país da América do Norte.

"Não posso resistir a fazer o comentário de que pela primeira vez na história o Risco Brasil é menor do que o risco dos EUA", disse ele, afirmando que a presidente Dilma Rousseff "ficou muito satisfeita com a questão de o Brasil ter risco menor do que os Estados Unidos".

Segundo Mantega, o fato de o "Credit Default Swap", ou CDS, (instrumento de proteção contra o risco de um devedor não cumprir suas obrigações) do Brasil tem sido negociado abaixo do norte-americano "mostra que nós estamos praticando uma política econômica correta" e que o Brasil "vem impondo respeito do resto do mundo".

Ainda que circunstancial, o índice mostra que, na prática, investidores vêem mais risco de calote dos Estados Unidos que do Brasil.

começa hoje, no STF, julgamento da liberação da Marcha da Maconha

Por Dalva Teodorescu

Começa hoje no Supremo Tribunal Federal o julgamento de pedido da liberação da marcha da maconha.
Dois importantes ministros estarão ausentes, o ministro Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes. Ainda assim a previsão é de que o STF vote pela liberação da marcha.
O argumento é a livre liberdade de expressão garantida pela constituição. Alguns dos ministros teriam afirmado que seria ilegítimo proibir a marcha no momento em que FHC, em filme, defende a legalização de todas as drogas.
A informação é de Mônica Bergamo no jornal da BandNews.

Aguardemos

terça-feira, 14 de junho de 2011

A gravata na cracolândia delatada pela Folha

Por Dalva Teodorescu

É chocante a cobertura da Folha de São Paulo de hoje, que estampa fotos em 4 tempos de um homem de terno e gravata comprando e consumindo crak na cracolândia, no centro de São Paulo.

No momento que o filme Quebrando o Tabu, por Fernando Henrique Cardoso, propõe a descriminalização de todas as drogas e o plantio da maconha e chama atenção para o problema dos consumidores e a necessidade de tratar a dependência como questão de saúde publica, a Folha recorre às câmeras secretas de paparazzi para denunciar um ato, hoje criminalizado, sem se preocupar das consequências para o consumidor pego em flagrante.

O Jornal parece ter assumido o papel de delator convicto. Pasmo com a audácia, o leitor se pergunta onde está o trabalho do jornalismo responsável nesse tipo de denúncia.

Por falar em Lady Gaga

Por Dalva Teodorescu

O Jornal de televisão francesa, France 2, trouxe ontem uma entrevista de 30 minutos com Lady Gaga.

Sabia que em 2010, Lady Gaga foi incluída pela revista Time na sua lista anual das 100 pessoas mais influentes do ano e na lista da Forbes das 100 Mais Poderosas e Influentes celebridades no mundo.

A cantora, compositora e produtora musical dos estados Unidos é também uma das que mais vende disco no mundo e foi eleita a quarta maior turnê de 2010, com público total de 1,3 milhão. É considerada uma das 5 pessoas mais bem remuneradas do mundo.

Com tudo isso, fiquei curiosa em saber mais sobre ela e não me decepcionei.

Lady Gaga surgiu lindissima e elegantíssima. Cabelo verde fluor com corte Chanel bem penteado e chapeu cinza pratedo em forma de disco, como os que tem usado Kate Middlenton, que se tornou duquesa Catherine de Cambridge ao se casar com o príncipe William da Inglaterra.

Lady Gaga exibia maquiagem com traços bem delinedos em volta dos olhos de onde caíam lágrimas muitos delicadas. A única provocação ficou por conta do elegante decote.

A cantora era deslumbrante, talvez para se confrontar com a reputada elegância francesa.

O Jornalista David Pujada estava visivelmente excitado diante da celebridade e Lady Gaga respondeu com inteligência e firmesa a todas as questões.

Estudou em colégio católico Francês, o SacreCoeur, antes de entrar na Escola de Arte Tisch (Tisch School of Arts) da Universidade de Nova Yorque.

É fã incondicional de Edith Piaf a quem rendeu homenagem.

Repetiu várias vezes seu engajamento e seu ativismo em defesa das liberdades homossexuais.

Foi para protestar em defesa dos homossexuais e chamar a atenção de que as pessoas não são somente carnes que usou um vestido confeccionado com carne de boi.

Dizem que Lady Gaga detesta que a comparem com Madona e costuma abandonar a entrevista quando isso ocorre. Ontem não foi o caso. Em resposta a um telespectador disse ter tido influência da cantora e agradeceu a comparação.

Na verdade, Lady Gaga estava dizendo, com sutileza e inteligência, que Madona é passado, agora é sua vez.

Lady gaga não se mostrou uma fabricação ou um esteriótipo. Sua voz é clara e bonita. Não conheço suas canções, mas gostei das que ouvi.

O caso Palocci e os interesses de uns e de outros

Por Dalva Teodorescu


O comprometimento de parte da mídia com o principal partido da oposição, o PSDB, muitas vezes compromete o bom jornalismo e o destino do país.

No dia seguinte à queda de Palocci, o Jornal o Estado de São Paulo publicou um artigo onde afirmava que Palocci havia caído mais por suas qualidades que por seus defeitos.

Já a Folha de São Paulo anunciou, no mesmo dia, que haviam caído por terra as pretensões de Palocci sair candidato ao governo do estado de São Paulo.

Não conhecia essa pretensão de Palocci, mas pensei: ‘ele ganharia com certeza ou daria muito trabalho ao feudo tucano”.

Certeza que deve ter tido a Folha e parte da oposição que julgou e condenou Palocci, antes do julgamento do Procurador, o jogando no fogo do inferno da política brasileira.

Durante semanas o jornal Folha de São Paulo consagrou o seu primeiro caderno, quase que exclusivamente, a reforçar as denúncias contra o ex-ministro Palocci.

Virou uma obseção e chegou a sugerir várias vezes que o julgamento do Procurador Geral da República estaria condicionado à sua recondução ao cargo pela presidenta Dilma Rousseff.

O Procurador Gurgel é conhecido por sua independência e não hesitou em pedir a devolução dos passaportes da família do ex-presidente Lula, os únicos julgados inconstitucional entre mais de 300 analisados por ele.

Na verdade, todos sabiam que, ainda que eticamente condenável, não havia ilegalidade no enriquecimento de Palocci e que muitos outros ex-ministros de governo anteriores havia se tornados milionários, sem causar grande indignação.

No caso Palocci a imprensa se dividiu. Sem perder o foco crítico que exige seu público cativo, o Jornal O Estado de São Paulo e a Rede Globo se mostraram cautelosos insistindo que o Procurador Geral da República, embora houvesse pedido explicação a Palocci, dizia que não havia motivo para investigação.

Carta Capital e parte da esquerda seguiram as denúncias da Folha. Palocci representa o grande capital financeiro e a linha monetarista no governo, o que contraria e não condiz com a realidade da maior parte dos filiados ao Partido dos Trabalhadores.

No dia em que foi votado o Código Florestal, no auge da crise Palocci, o jornal do Dr. Ruy não hesitou colocar em Manchete a acusação de quebra de sigilo fiscal do ex-Ministro da Casa Civil.

A Folha refutou dizendo que o importante era a denúncia não a quebra de sigilo, atitude bem diferente da que adotou por ocasião da denúncia de quebra de sigilo bancário de personalidades tucanas, durante a eleição presidencial de 2010.

Não estou aqui defendendo Palocci. O dinheiro que alguns ganham facilmente falta para pagar salários dignos a muitos brasileiros e acredito que o governo vai se passar muito bem sem o ex-ministro e talvez até melhorar.

Estou repudiando uma forma de jornalismo que choca pela seletividade das denúncias e dos denunciados. É louvável a imprensa se preocupar com o enriquecimento de homens públicos, o que é insuportável é que o faça de maneira seletiva.

A denúncia de que 273 deputados federais e senadores exercem atividades empresariais de consultorias e que ex-ministros e ex-presidentes do Banco Central também enriqueceram deve ser levada a sério. 

É preciso acabar com a hipocrisia que reina sobre o assunto no Congresso Nacional e exigir que se abra um debate sobre a regularização de assessorias e, principalmente, da prática fortíssima do lobby para que não se transforme em tráfico de influência.

A opinião publica deu seu veredicto à opinião publicada

Por Dalva Teodorescu


No início dessa semana, órgãos da imprensa como Carta Capital e Estadão, em vários editorias, afirmavam que a presidenta Dilma saiu fortalecida do episódio Palocci. Dilma fez uma mine reforma ministerial sem considerar as imposições do congresso, principalmente da câmara. Assim procedendo recolocou o PMDB e sua voracidade no seu devido lugar.

Já o jornal Folha de São Paulo, que durante a crise Palocci tirou da pauta a guerra fratricida que se travava dentro do PSDB, seu aliado de todos os instantes, e alardeou que o PMDB havia ganhado força e o governo se enfraquecido viu sua opinião desmentida pela pesquisa Data Folhade domingo. 

A opinião publica mais uma vez reavaliou a opinião publicada.

O governo não se desgastou com a crise Palocci, ao contrário, sua avaliação positiva subiu dois pontos. A pesquisa foi feita na casa e a Folha ficou mal.

Para não perder a face, os colunistas da Folha, unanimemente, dedicaram hoje mais um primeiro caderno a justificar os resultados da Data Folha.

Até Janio de Freitas, que ainda garante qualidade ao jornal, teve de explicar os dados. Todos martelaram que o governo foi bem avaliado por causa da economia e da atuação do ministro Mantega e que Dilma se desgastou nos itens de avaliação pessoal. Teria caído de 79% para 62%.

Itens de avaliação pessoal são aqueles que davam ao ex-presidente Lula cerca de 90% e que a Folha quase omitia dando destaque à avaliação do governo em torno de 66%. Agora ela inverte e dá destaque a avaliação pessoal da presidenta.

Avaliação positiva de 62% é quase plebiscito. Nas democracias consolidadas a taxa de avaliação positiva fica entre 48 a 52 %. Ainda chegamos lá.

A carta de Dilma a Fernando Henrique Cardoso

Por Dalva Teodorescu

Causou alvoroço e comoção, entre políticos e jornalistas, a carta da presidenta Dilma Rousseff cumprimentando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por seus 80 anos.

A mídia tradicional se apressou em interpretações para explicar o gesto de Dilma. Fernando de Barros e Silva, em sua coluna na Folha de São Paulo, listou os elogios de Dilma ao ex-presidente e a seu governo e concluiu que a presidenta reconheceu os feitos históricos do governo FHC, o que o PSDB não quis fazer ao longo da gestão petista e nas duas últimas eleições presidenciais.

Dora Kramer, no Estadão, preferiu listar as conjecturas dos tucanos sobre as motivações de Dilma: estratégia de aproximação, tentativa de marcar diferença com o ex-presidente Lula e conforme o próprio FHC um ato de gentileza.

No início do governo Dilma, FHC a ironizava dizendo que ‘não entendia seu raciocínio, mas que talvez fosse deficiência sua’.

Durante a visita do presidente americano Barack Obama ao Brasil, Dilma foi elegante ao convidar todos os ex-presidentes a um coquetel de confraternização. FHC foi tratado com deferência e brindes à parte pela presidenta.

Em reconhecimento houve o convite para o aniversario de 80 anos de FHC e Dilma foi além de uma resposta protocolar. Um gesto feminino e de sinceridade, sem dúvida, mas, sobretudo, um gesto de afirmação de Dilma à sua base aliada de que ela bate de frente com alguns mas sabe dialogar com outros. 

Foi essa a análise feita por Bob Fernandes, no Jornal da Gazeta. A carta de Dilma, disse Bob, é o início do diálogo com os melhores e a afirmação de que não vai ficar refém do PMDB.

sábado, 11 de junho de 2011

Editorial


Fonte Plural é um espaço para compartilhar ideias, opiniões e inquietações sobre temas da atualidade política e cultural da sociedade contemporânea em geral. Busca assim contribuir de forma responsável para a democratização e a pluralidade da informação e da comunicação na sociedade brasileira.

O espaço é aberto ao debate sobre temas diversos como artes visuais e produção cultural e política nacional e internacional, saúde pública, arquitetura, drogas e sociedade, diversidade sexual e questões de gênero.

Os temas são abordados à luz de nosso compromisso com os direitos humanos e com a defesa do Estado laico e garantidor das liberdades individuais e religiosa.

Muitos desses temas têm sido tratados pelo Congresso Nacional e pela imprensa de maneira conservadora,  pouco isenta e pouco esclarecedora. O discurso conservador foi reforçado nas últimas eleições presidenciais em que temas polêmicos e sensíveis a uma parcela da população, como o aborto, foram utilizados como moeda de troca por votos, pelos três candidatos.

Compromisso com os Direitos humanos remetem necessariamente ao resgate da história de um povo. Conhecer a verdade sobre os mortos e desaparecidos no período da ditadura militar e reverter a herança perversa do sistema escravocrata, mais do que memória viva, são prioridades para a consolidação da democracia brasileira e a construção de uma sociedade mais justa.

A mídia em geral, por convenção e interesses nem sempre claros, amplifica as vozes conservadoras do congresso e da sociedade brasileira e dá pouco espaço para aqueles que não compartilham com suas convicções. Da mesma forma, oferece pouco espaço aos projetos culturais que não fazem parte de grandes produçoes do circuíto comercial.

A imprensa tradicional brasileira sempre foi árbitro das decisões políticas e culturais do país. Esta realidade começou a mudar com a reeleição do governo trabalhista em 2006 e 2010. A internet, com suas redes sociais, teve grande influência nessa mudança porque permite a aqueles que não se sentem plenamente representados pelo discurso dominante de se fazer ouvir.

A internet transformou a relação de poder entre os formadores de opinião tradicionais e o público, disse o jornalista Stephen Burn. A mídia tradicional continua sendo importante, mas hoje suas opiniões estão inseridas na diversidade de debates promovidos pelas redes sociais.

Fonte Plural se inscreve nesse movimento de ampliação do debate progressista e conta com sua participação como seguidor e colaborador ao deixar aqui suas opiniões.