Por Dalva Teodorescu
Na semana passada a imprensa anunciou discretamente que a empresa francesa Alstom obteve um contrato com a brasileira Brasventos de 200 milhões de euros (US$ 288 milhões ou R$ 457 milhões) para instalar e fazer a manutenção de três parques eólicos no Estado do Rio Grande do Norte.
O contrato prevê a produção de 580.000 MWh anuais, o que pode garantir o fornecimento de energia elétrica para mais de 100 mil casas, e reduzir ao mesmo tempo as emissões de CO2 em 300 mil toneladas por ano.
A empresa francesa é um dos maiores grupos do mundo em infraestruturas de produção e transmissão de energia elétrica e de transporte ferroviário e vai gerenciar o maior projeto eólico no Brasil.
Tudo isso é fantástico.
O Problema é que a Alstom está envolvida em uma série de denúncias de pagamento de propina a vários políticos do PSDB de São Paulo. As suspeitas de corrupção envolvem licitações do metrô de São Paulo e da Eletropaulo e foram divulgadas pela mídia internacional como o Wal Street Journal e o Der Spiegegel.
O escândalo do caso Astom nunca foi manchete nos principais jornais brasileiros, embora tenha sido matéria de capa da Revista Veja. O Jornal O Estado de São Paulo publicou informações sobre as acusações no Caderno de Economia e Negócios e a Folha de São Paulo relatou o caso algumas vezes, mas nunca em matéria de capa. Na maior parte das vezes essas matérias falavam de “propinas a políticos brasileiros ou políticos paulistas”, raramente os associando ao PSDB de São Paulo. Já o Jornal Nacional da rede Globo, dois meses depois do NYT ter relatado o escândalo, noticiou o fato dizendo que era uma denúncia do PT.
Fiquei Pasma com a audácia porque a denúncia veio dos órgãos da imprensa internacional e está sendo tratado pelo Ministério Público da Suíça.
De acordo com documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo Ministério Público da Suíça, no período de 1998 e 2001 “pelo menos 34 milhões de francos franceses (6,8 milhões de dólares) teriam sido pagos em propinas a autoridades governamentais do Governo do Estado de São Paulo e a políticos paulistas”, para obter um contrato de 45 milhões de dólares na expansão do metrô de São Paulo.
O Ministério da Justiça do Brasil está investigando o caso há quase 3 anos e examinando 139 contratos assinados entre a Alstom e o Governo do Estado de São Paulo nos últimos anos, num valor total de 4,6 bilhões de dólares.
Na época da negociação e da assinatura dos contratos de consultoria quem dirigia a Secretaria de Energia de São Paulo, responsável pela Eletropaulo, era o ex-genro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, David Zylbersztajn, o atual Secretário de Estado da Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo e o ex secretário estadual dos Transportes e atual presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), Mauro Arce.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo, os deputados da bancada do governo de José Serra impediu por duas vezes, a instalação da CPI da Eletropaulo para que se investigasse as acusações que pesam sobre a Alston e os governos do PSDB.
Na época, em resposta a questões de jornalistas sobre a CPI, o então governador José Serra afirmou que não havia nada para se investigar. Já o governador Geraldo Alkimin nunca se pronunciou sobre o caso.
Como o caso atinge o governo vitalício do PSDB, em São Paulo, o escândalo do caso Alstom parece não ser tão importante para a imprensa. A tal ponto que a empresa ganhou nova licitação para instalar e fazer a manutenção dos parques eólicos no Estado do Rio Grande do Norte e nenhum órgão de imprensa questionou.
Vocês já imaginaram se fosse o governo do PT ou outro da base aliada que estivesse envolvido em suspeita de propinas de 6,8 milhões de dólares para obter contrato de 45 milhões de dólares.
Serai impecheman com certeza.
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