Por Dalva Teodorescu
O Parlamento Grego aprovou hoje o plano de austeridade fiscal para ajudar a Grécia a sair de uma das piores crises econômicas da sua história recente.
O plano prevê diminuição dos salários e aposentadorias, demissões de 150 mil funcionários públicos, aumento de impostos e privatizações de empresas e portos.
Em meados de junho o Primeiro ministro George Papandréou, propôs um governo de união nacional, um acordo entre os dois principais partidos, para tirar a Grécia da crise.
George Papandréou compôs um novo governo que obteve o voto de confiança do parlamento para fazer as reformas exigidas pela União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu.
Reformas necessárias para o FMI liberar a quinta parcela do empréstimo de 110 milhões de Euros e elaborar um novo empréstimo previsto para o ano de 2012.
Centenas de manifestantes ocupam as ruas há mais de um mês para protestar contra o plano. Ontem e hoje houve greve generalizada e os " indignados", movimento que nasceu com as manifestaçoes tentaram pela segunda vez invadir o Parlamento.
A crise econômica abriu também uma crise política. A maior parte dos deputados do partido socialista (Pasok), partido do Primeiro Ministro, é contra as medidas, mas acabaram votando a favor por pressão do governo.
Sem o empréstimo a Grécia entraria em falência o que geraria uma grave crise em toda a zona do Euro.
Mas o povo grego rejeita um plano que visa antes de tudo salvar os bancos estrangeiros e a EU e não o povo grego. O que é reconhecido por vários economistas.
Em 2009 a Grécia demonstrou os primeiros sinais de suas dificuldades financeiras com uma grande dívida pública e privada, baixa competitividade, e déficits dos pagamentos.
Diante dessas dificuldades, a União Europeia propôs um plano de ajuda, na verdade um empréstimo com juros de 3% a 4% maior do que os pagos pela Alemanha. Exigiu ainda a execução de um plano de austeridade que provocou a diminuição dos salários em 4,5% em 2010.
O plano foi um desastre. Pagando altos juros, a Grécia se endividou ainda mais e quem pagou foi o povo grego.
Em artigo publicado no Jornal Inglês The Gardian, o professor de economista Costas Lapavitsas afirma que provavelmente a Grécia se sairá melhor da crise não pagando sua dívida e abandonando o Euro.
A zona do Euro criou uma lacuna entre os países ricos (França e Alemanha) e os países mais pobres da Europa, afirma o The Gardian. Para estes, participar da União Econômica e Monetária, que forma a Zona do Euro, tem sido motivo de estagnação e de desigualdade de renda.
O exemplo da Grécia só faz reforçar essa constatação.
Diante de tudo isso é impossível não pensar na vizinha Turquia, que durante décadas pleiteou entrar na EU e foi sempre rejeitada, inclusive pela Grécia, sua rival histórica. A alegação era que somente parte de Istambul fica na Europa.
Cansada de mendigar a Turquia resolveu seguir sua própria economia e hoje é um dos países emergentes que ocupa um lugar de destaque na economia global, com uma taxa de crescimento em torno de 9%.
Os gregos devem olhar para seus vizinhos com inveja e os turcos para a turbulência grega com enorme alívio de não ter entrado na EU.
A União Europeia foi pouco democrática e pouco solidária ao passar os bancos antes do povo para tirar a Grécia da crise.
Fonte Plural é um espaço aberto ao debate sobre política nacional e internacional, artes e produção cultural. Dalva Teodorescu comenta notícias da chamada “grande imprensa” e temas de sociedade em geral. Sandro Pimentel divulga informações sobre artes visuais e produção cultural. Fernando Cardoso trará notícias de Teatro, Cinema e Gastronomia. Outros colaboradores trarão temas como Saúde Pública, Arquitetura, Drogas e Sociedade, Diversidade Sexual e Gênero.
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