quarta-feira, 29 de junho de 2011

União Europeia passou os bancos antes do povo para tirar a Grécia da crise.

Por Dalva Teodorescu

O Parlamento Grego aprovou hoje o plano de austeridade fiscal para ajudar a Grécia a sair de uma das piores crises econômicas da sua história recente.

O plano prevê diminuição dos salários e aposentadorias,  demissões de 150 mil funcionários públicos, aumento de impostos e privatizações de empresas e portos.

Em meados de junho o Primeiro ministro George Papandréou, propôs um governo de união nacional, um acordo entre os dois principais partidos, para tirar a Grécia da crise.

George Papandréou compôs um novo governo que obteve o voto de confiança do parlamento para fazer as reformas exigidas pela União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu.

Reformas necessárias para o FMI liberar a quinta parcela do empréstimo de 110 milhões de Euros e elaborar um novo empréstimo previsto para o ano de 2012.

Centenas de manifestantes ocupam as ruas há mais de um mês para protestar contra o plano. Ontem e hoje houve greve generalizada e os " indignados",  movimento que nasceu com as manifestaçoes tentaram pela segunda vez invadir o Parlamento.

A crise econômica abriu também uma crise política. A maior parte dos deputados do partido socialista (Pasok), partido do Primeiro Ministro, é contra as medidas, mas acabaram votando a favor por pressão do governo.

Sem o empréstimo a Grécia entraria em falência o que geraria uma grave crise em toda a zona do Euro.

Mas o povo grego rejeita um plano que visa antes de tudo salvar os bancos estrangeiros e a EU e não o povo grego. O que é reconhecido por vários economistas.

Em 2009 a Grécia demonstrou os primeiros sinais de suas dificuldades financeiras com uma grande dívida pública e privada, baixa competitividade, e déficits dos pagamentos.

Diante dessas dificuldades, a União Europeia propôs um plano de ajuda, na verdade um empréstimo com juros de 3% a 4% maior do que os pagos pela Alemanha. Exigiu ainda a execução de um plano de austeridade que provocou a diminuição dos salários em 4,5% em 2010.

O plano foi um desastre. Pagando altos juros, a Grécia se endividou ainda mais e quem pagou foi o povo grego.

Em artigo publicado no Jornal Inglês The Gardian, o professor de economista Costas Lapavitsas afirma que provavelmente a Grécia se sairá melhor da crise não pagando sua dívida e abandonando o Euro.

A zona do Euro criou uma lacuna entre os países ricos (França e Alemanha) e os países mais pobres da Europa, afirma o The Gardian. Para estes, participar da União Econômica e Monetária, que forma a Zona do Euro, tem sido motivo de estagnação e de desigualdade de renda.

O exemplo da Grécia só faz reforçar essa constatação.

Diante de tudo isso é impossível não pensar na vizinha Turquia, que durante décadas pleiteou entrar na EU e foi sempre rejeitada, inclusive pela Grécia, sua rival histórica. A alegação era que somente parte de Istambul fica na Europa.

Cansada de mendigar a Turquia resolveu seguir sua própria economia e hoje é um dos países emergentes que ocupa um lugar de destaque na economia global, com uma taxa de crescimento em torno de 9%.

Os gregos devem olhar para seus vizinhos com inveja e os turcos para a turbulência grega com enorme alívio de não ter entrado na EU.

A União Europeia foi pouco democrática e pouco solidária ao passar os bancos antes do povo para tirar a Grécia da crise.

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